A ministra do Planejamento, Simone Tebet, ao lado do ministro do déficit zero, Fernando Haddad, teve o constrangimento de avisar, nesta última terça-feira, que o salário mínimo, com aumento real e tudo, em 2024, será de R$ 1.421,00. Atualmente, o seu valor é de R$ 1.320,00. Serão R$ 101,00 de aumento, descontada a inflação, 2,9% de aumento real. Nesse passo, os economistas do HP projetam que o mínimo vai chegar aos R$ 6.578,00 (que a Constituição determina e calculado pelo DIEESE), no próximo milênio.
Uma política de valorização do salário mínimo, com o horizonte constitucional, significa aumento da demanda de bens para a indústria de transformação, com a ocupação imediata da capacidade ociosa (por exemplo, 40% na indústria têxtil), que, por sua vez, significa mais empregos. O aumento real do salário mínimo é uma alavanca para o crescimento do PIB (soma de tudo produzido no país).
DESPERDÍCIO
O dinheiro que a Previdência deveria gastar no pagamento de um aumento real mais substantivo – a Previdência paga o salário mínimo a 22 milhões de aposentados – está sendo desperdiçado, há pelo menos sete anos (a farra começou no governo Dilma), na liberação da contribuição para Previdência, 20% da folha de pagamento, de dezessete setores, incluindo cartéis como das montadoras. Os mais modestos avaliam que o Estado perde, pelo menos, meio trilhão de reais de arrecadação por ano, sem absolutamente nenhuma contrapartida, e, se não tem sido efetiva no aquecimento da atividade econômica, certamente parcela expressiva dessa renúncia vai parar na especulação. Esses recursos liberados seriam suficientes para um plano de valorização do mínimo até o final do mandato.
O fato é que em vez de uma vigorosa marcha a Brasília (como é tradição no movmento sindical) pelo aumento real do salário mínimo, com horizonte na determinação constitucional, o que aconteceu foi um apoio desajeitado de sindicalistas, dando crédito a argumentos chantagistas, veiculados no cartel da mídia pelas entidades patronais, de demissão de um milhão de trabalhadores, conferindo credibilidade à cruzada para derrubar o veto do presidente Lula à liberação da contribuição para a Previdência.
HERANÇA MALDITA
O país continua patinando nas armadilhas neoliberais deixadas por Guedes e Bolsonaro. O Banco Central é controlado por um bolsonarista, banqueiro, neoliberal e assaltante do Tesouro Nacional. Perderam a eleição, mas ficaram com a chave do cofre. Nos últimos doze meses, todo esforço nacional, todo trabalho produtivo foi desviado em pagar aos banqueiros especuladores e parasitas em geral, com as maiores taxas de juros do mundo,12,25%, a importância de R$ 720,6 bilhões, o dobro da soma dos orçamentos da Saúde, da Educação e do Bolsa Família. Sobrou quase nada para o investimento público, para a reindustrialização do país, para melhorar as condições de vida do povo, na Educação, Saúde e Segurança e na reindustrialização.
O desastre econômico ronda o país; no trimestre que fechou em setembro, os investimentos em máquinas e equipamentos (Formação Bruta de Capital Fixo) caíram 2,5%. Foi o quarto trimestre consecutivo em queda. A indústria de transformação acumula uma queda no de 1,6%. O tempo urge.
CARLOS PEREIRA