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Depois que os incêndios no Pantanal já devastaram 15% do bioma, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, admitiu, só agora, após ignorar por muito tempo, que as queimadas são de “proporção gigantesca”.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Salles disse que “de fato o prejuízo a nossa fauna ele é grande, a flora e a parte de vegetação ela se recompõe, agora não pode ser um fogo da proporção gigantesca que está sendo então por isso que estamos combatendo fortemente”.
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Apesar de finalmente ter reconhecido que o incêndio existe, o ministro de Bolsonaro continua insistindo em aliviar os autores, na “ideia” de que eles são causados por pessoas que queriam limpar um terreno, mas não dominam a técnica.
“Nós precisamos ter essa visão que certas técnicas conhecidas de maneiras centenárias, que é o uso de fogo controlado, a queima controlada, serve para limpar o pasto e quando não faz isso quando vem um incêndio com todo o material depositado em solo o incêndio se torna de muito maior proporção para além da questão climática”
“No Brasil há uma resistência enorme dos órgãos ambientais em autorizar o que acaba tornando o combate ao incêndio menos eficaz”, disse.
O número de focos de incêndio registrado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) de janeiro até o dia 14 de setembro já faz de 2020 o ano em que o pantanal mais queimou. Até agora, foram 15.453. O recorde anterior era de 2007, com 12.536 focos durante o ano todo.
MULTAS
Mesmo com o aumento brutal das queimadas, o Instituto Brasilerio do Meio Ambiente (Ibama), órgão que compõe o Ministério do Meio Ambiente, tem aplicado menos multas.
No Mato Grosso do Sul, onde ficam 65% do Pantanal, o número de multas aplicadas pelo Ibama diminuiu 22% em relação ao mesmo período de 2019. No Mato Grosso, onde fica o restante, a queda nas multas foi de 52%.
Para um servidor do Ibama, que foi ouvido pela BBC News de forma anônima, essa queda aconteceu porque o Instituto tem perdido fiscais.
“O Ibama perdeu metade do seu efetivo de fiscalização nos últimos anos. Atualmente são menos de 600 agentes de fiscalização para atuar em todo o território nacional, incluindo a Amazônia Azul [no Oceano Atlântico]. Para se ter uma ideia do quão irrisório é isso, só a Polícia Militar do Estado de São Paulo tem hoje quase 83 mil policiais na ativa”.
“Outro fator que prejudicou bastante o andamento, não só das ações de fiscalização ambiental, mas também o próprio planejamento e a execução das ações de prevenção e combate aos incêndios florestais no país, foi decisão do governo pela nomeação e ocupação dos cargos de gestão do Ibama por pessoas sem qualquer experiência na área”, continuou.