
Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro não acreditam que qualquer punição aplicada pelos EUA contra o ministro do STF o fará recuar
Integrantes da base do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na Câmara e no Senado, acreditam que a “punição” aplicada contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, pelos Estados Unidos, fará barulho, mas está longe de trazer qualquer efeito prático que beneficie o ex-chefe do Executivo.
É o que informa Bela Megale, colunista do jornal O Globo.
A leitura de parlamentares bolsonaristas é que o gesto do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de buscar medidas contra o ministro do STF na gestão Donald Trump até funciona como discurso para a plateia, mas é vazia na prática.
Os aliados de Bolsonaro não acreditam que qualquer punição aplicada pelos EUA contra Moraes fará o ministro recuar ou mudar de postura no julgamento que acusa o ex-presidente de tentativa de golpe de Estado.
A base bolsonarista também não crê que sanções dirigidas a ministros do STF e até do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sejam capazes de mudar a condição de inelegível de Bolsonaro.
REALIDADE SE IMPONDO ÀS NARRATIVAS
“Suspender o visto de Alexandre de Moraes e seus cartões de crédito consistem num pequeno arranhão num gigante. Essas medidas não terão qualquer efeito sobre a atuação do ministro”, resumiu aliado de primeira hora da família Bolsonaro.
No entorno do ex-presidente, ainda há dúvidas se a sanção contra Moraes virá, de fato, apesar de Eduardo Bolsonaro garantir que os EUA tomarão medidas até a semana que vem.
Desde antes da eleição de Trump, o deputado federal licenciado tem dito ao pai e a aliados que o presidente estadunidense se comprometeu a pressionar o governo e o Judiciário brasileiros, numa conversa que tiveram no início de 2024.
Em fevereiro, Eduardo se autoexilou naquele país e passou a trabalhar diretamente próximo ao governo e a congressistas estadunidenses pela punição de Moraes.
DIÁLOGO E DIPLOMACIA
O governo federal não está parado. Ao contrário, articula diretamente com a Casa Branca para evitar que as ameaças de sanções ao ministro Alexandre de Moraes se tornem crise diplomática.
A diplomacia brasileira intensificou o diálogo com o governo Trump ao longo da última semana. As conversas tentam alertar os Estados Unidos de que qualquer sanção contra Moraes traria dano considerável para a relação entre ambos os países.
O Itamaraty encontra dificuldades para definir como está o patamar das conversas, já que considera os diplomatas de Trump “imprevisíveis” — especialmente pelo fato de a última palavra ser do republicano.
NEGOCIAÇÕES COM A CASA BRANCA
As negociações com a Casa Branca ocorrem depois de o secretário de Estado do país, Marco Rubio, ameaçar Alexandre de Moraes com sanções embasadas pela Lei Magnitsky. Legislação que permite que os estadunidenses punam estrangeiros acusados de violações de direitos humanos.
Em princípio, o governo brasileiro descartou reação pública sobre o assunto para não atrapalhar o fluxo das conversas. A posição poderia ser revista em outro momento, caso os Estados Unidos decidam cumprir com as ameaças contra Moraes.
INQUÉRITO CONTRA EDUARDO BOLSONARO
O Planalto também acompanha com atenção a abertura do inquérito contra o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro. A base governista entregou, nesta terça-feira (27), representação no Conselho de Ética da Câmara, em que pede a cassação de Eduardo Bolsonaro.
A alegação é de quebra de decoro por ataques “sistemáticos e deliberados” contra o STF.
Enquanto isso, a oposição vê a abertura dessa investigação como “tiro no pé” do STF. A estratégia, segundo os oposicionistas, apenas fortalece a tese de “perseguição política” ao deputado licenciado. Mas aí, o que essa oposição extremada vê, pensa e faz, não se escreve.
M. V.