“Estamos desenvolvendo nossa independência financeira com investimentos em setores-chave para não depender em nada dos EUA e dos países que se submetem ao uso de sanções”, afirma Anton Sulianov
“Restrições e sanções contra Rússia têm efeito bumerangue”, afirmou Anton Siluanov, ministro das Finanças da Rússia, em entrevista à RT, na terça-feira (25).
Para ele Washington está se exaurindo de opções para atacar Moscou depois que várias rodadas de sanções saíram pela culatra em vez de paralisar a economia russa como pretendido.
Siluanov destaca o agravamento da crise do custo de vida nos países ocidentais, o aumento da inflação e um declínio nos padrões de vida das populações destes países. “Portanto, esses países estão adotando uma política míope ao introduzirem estes pacotes de restrições e sanções”, acrescentou.
Segundo o ministro, a Rússia segue uma política independente, para minimizar o impacto das restrições que estão sendo impostas contra ela, tendo já anunciado um conjunto de medidas econômicas e sociais, como maiores investimentos públicos, aumentos salariais, auxílio para pequenas e médias empresas e para as famílias mais pobres, além da nacionalização das multinacionais que saíram do país, tudo no sentido de deter o impacto das sanções impostas pelos EUA em sua economia.
INVESTIMENTO E TAXAS DE CRESCIMENTO POSITIVAS
“Portanto, estamos desenvolvendo nossa independência financeira diante de um orçamento apertado e regras orçamentárias, inflação direcionada, investimentos em setores chaves para não depender em nada dos países que se submetem ao uso de sanções”, sublinhou ele, observando que o governo russo também busca independência em termos de instrumentos de pagamento, inclusive com a ajuda de seu cartão Mir e o National Payment Card System (NSPK) doméstico, além de buscar a soberania tecnológica.
“Quando os países ocidentais introduzem novos pacotes de restrições, tomamos medidas anti-sanções e vemos que estamos tendo sucesso”, insistiu Siluanov, acrescentando que a economia russa dá início à superação e já atingirá taxas de crescimento positivas este ano, contrariamente às previsões dos órgãos financeiros dos EUA e da União Europeia. Em 2022, em conseqüência das sanções, o PIB (Produto Interno Bruto) da Rússia caiu 2,1%.
O ministro também destacou a baixa inflação, que é menor do que nos países ocidentais, e a menor taxa de desemprego, acrescentando que os salários reais na Rússia estão crescendo. “Portanto, nossa política de resposta aos pacotes de sanções está dando resultados, vemos que estamos no caminho certo”, afirmou.
USO DAS MOEDAS NACIONAIS E ABANDONO DO DÓLAR
Segundo Siluanov, há uma mudança nas formações geopolíticas globais, onde os países com economias em desenvolvimento estão espremendo as chamadas nações desenvolvidas, sendo que estas últimas introduzem várias restrições e sanções.
No entanto, essas restrições diminuíram a confiança global no dólar americano e no euro, afirmou. A Rússia também foi forçada a substituir os pagamentos nas chamadas moedas ‘livremente conversíveis’ por pagamentos em moedas ‘confiáveis’. “Para nós, uma moeda confiável é a moeda nacional e as moedas de países amigos que não têm problemas em transferir dinheiro para bens e serviços fornecidos”, detalhou.
Comentando a posição da Rússia pela desdolarização nas transações internacionais, Siluanov chamou o dólar e o euro de “moedas tóxicas” para a Rússia, já que seu uso foi restrito no país em meio das sanções ocidentais e explicou que o abandono do dólar e do euro está ocorrendo gradualmente. “Não nos propomos a desistir deles amanhã, nós os usamos ainda, mas estamos reduzindo o seu uso, tentando mudar para unidades de conta mais confiáveis”, afirmou. O ministro das Finanças observou que a Rússia e a China estão liquidando cerca de 70% de suas transações econômicas – que são amplas e em crescimento – em suas moedas nacionais e continuarão a fazê-lo.
O comércio total entre a China e a Rússia atingiu um novo recorde em 2022, subindo 30%, para US$ 190 bilhões, segundo dados da alfândega chinesa.