As últimas informações apontam que a Rússia se dedicou a sério a eliminar o dólar da sua economia. Cada vez mais países e empresas estão se envolvendo no processo, o que ameaça o dólar americano, avaliou o colunista Ivan Danilov, da Agência de notícias russa, Sputnik.
O mais importante é que, desta vez, a Rússia decidiu promover a desdolarização nos setores mais sensíveis do comércio mundial: os hidrocarbonetos e as armas, destacou o analista.
Danilov lembrou que o presidente russo se expressou a favor do processo em várias ocasiões frisando que “quando as empresas russas encontrarem instrumentos que as ajudem a substituir o dólar no comércio, virão maus tempos para a moeda norte-americana”.
O analista considerou que hoje já podem ser vistos os primeiros sinais do trabalho que as grandes empresas russas estatais ou apoiadas pelo Estado estão realizando para resolver o problema.
Assim, a agência Reuters escreveu que os gigantes energéticos russos “estão persuadindo seus parceiros ocidentais” para que paguem em euros em vez de dólares e tentam introduzir nos contratos condições que permitam sancionar os compradores que decidam não pagar pelo petróleo ou não aceitar o fornecimento por medo das sanções americanas.
Ou seja, as empresas russas seguem o princípio take or pay (tome ou pague), segundo o qual, um comprador deve ou comprar e pagar o produto ou pagar uma multa pelas remessas que recusou, quaisquer que sejam as condições.
Para Danilov, o mais interessante é o fato de as previsões pessimistas de muitos analistas e economistas sobre os danos que a desdolorização poderia causar à Rússia não se concretizaram.
O colunista acha que os parceiros ocidentais não têm outro remédio senão aceitar as condições dos exportadores russos de combustíveis por uma razão:
“Mesmo que a Rússia não tenha o monopólio no mercado de petróleo, é muito caro ou muito difícil substituir a quantidade de combustíveis fornecida pela Rússia, ou seja, é mais difícil do que aceitar as condições russas. Por vezes, [essa substituição] é praticamente impossível, especialmente quando uma parte significativa da indústria de refinação petroleira europeia está condicionada a trabalhar com o petróleo russo”, explicou Danilov na Sputnik.
OBSTÁCULOS
Porém, assinalou o autor, o bom início não significa que a desdolarização seja um processo fácil e avance sem obstáculos.
Para se proteger do possível impacto das novas sanções dos EUA e de outros riscos, a gigante russa Gazprom tomou uma medida de precaução.
Segundo a Reuters, a empresa conseguiu emitir títulos internacionais eurobonds, em um valor de mais de um bilhão de dólares, que podem ser pagos em euros e outras moedas alternativas ao dólar.
“Agora, mesmo que neguem à Gazprom o acesso ao sistema de dólares, o gigante poderá reembolsar a dívida em euros, rublos ou outra moeda”, detalhou o colunista.