

Colin Powell quando mentiu na ONU e Gina Sanguinária, a “que tortura porque gosta”, na prisão de Abu Graib
Antecedida por uma cínica exibição de um “tubinho de anthrax” pelo então secretário de Estado Colin Powell na ONU, há 15 anos e inaugurando a era das ‘fake news’, na noite de 20 para 21 de março de 2003, os EUA iniciaram a invasão do Iraque. A guerra que multidões no mundo inteiro condenaram como a guerra do “sangue por petróleo”, e cujas cenas mais emblemáticas se tornariam, no ano seguinte, as fotos da bestial tortura em Abu Graib.
A guerra havia sido preparada com a opinião pública sendo “amaciada” pelos principais jornais dos EUA, como o New York Times e o Washington Post, com mentiras diárias sobre as “armas de destruição em massa do Iraque” e os “vínculos de Osama com Sadam”, praticamente escritas pela CIA antes da publicação, e repetidas centenas, milhares de vezes. Na Inglaterra, o lulu Blair dava uma mão a W. Bush, com a farsa de “Sadam pronto para fazer ataque químico em 45 minutos”. O nome do jogo era demonizar Sadam.
Ao contrário do que os facínoras no Pentágono e na Casa Branca haviam prometido, os invasores ianques não foram “recebidos com flores” e, por causa da resistência renhida e abnegada, não foi possível fazer o próprio Iraque pagar, com seu petróleo, a guerra imperialista, que acabou custando US$ 1 trilhão, e acelerando a crise dentro dos EUA, que se mostraria com toda a força no crash de 2008.
Ao desencadear a guerra ao Iraque, a plutocracia no poder nos EUA achava que “um século americano” estava à frente, e que ninguém poderia contestar o status do “mundo unipolar” sob seu domínio. A heróica resistência iraquiana fez o império sangrar, dilapidar forças, e deu tempo a outros povos para se reerguerem para a luta contra o imperialismo. Obama teve de aceitar retirar a maior parte das tropas.
Um preço alto, muito alto, para o Iraque e seu povo. Mais de dois milhões de mortos, quatro milhões de refugiados e deslocados internos, uma ‘constituição pró-sectarismo’ escrita em Washington, o enforcamento do presidente Sadam, esquadrões da morte e um governo colaboracionista. Depois, também o Estado Islâmico, com Mossul em ruínas. O partido Baas continua proscrito.
Mas a vitória contra a intervenção norte-americana na vizinha Síria abre esperanças de que a altiva nação irá se libertar definitivamente. E o presidente russo Putin acaba de alertar as cabeças quentes de Washington que a paridade estratégica está restaurada, com os novos mísseis hipersônicos russos.
Então, o buraco é mais embaixo, e quem planta encenações pode colher o que não quer. Recomeçou: sai o “vidrinho de anthrax” e aparece “o agente de nervos Novichok” em Salisbury, a Síria é acusada de “preparar ataque químico” e, para quase tudo, a culpa “é de Putin”. A russofobia, nova modalidade de macartismo, fede. Enquanto isso, perguntar não ofende: a foto daquela senhora sorridente ao lado de um cadáver em Abu Graib, é ou não é a “rainha da tortura” Gina Haspel, recém indicada para dirigir a CIA?
A.P.