A PF apontou que o senador Aécio Neves (PSDB/MG) e o ministro Gilmar Mendes, do STF, fizeram 43 ligações telefônicas entre março e maio.
A Polícia Federal apontou em relatório que o senador Aécio Neves (PSDB/MG) e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fizeram 43 ligações telefônicas entre março e maio deste ano. Neste período, o tucano passou a ser investigado por receber propina da JBS e foi alvo de operação da PF.
O relatório destaca que Gilmar Mendes é relator de quatro inquéritos contra Aécio no Supremo. Segundo o documento, uma das ligações ocorreu em um dia no qual o ministro deu uma decisão favorável ao parlamentar. Por ordem do ministro, ele não precisou prestar depoimento à PF no dia seguinte.
“Não é possível conhecer a finalidade ou o contexto em que houve essas ligações, restando tão somente evidenciado a frequência de contato entre as autoridades em questão”, diz o relatório.
Em nota encaminhada à imprensa, o ministro informou que manteve contato pelo celular com Aécio para tratar do projeto de lei de abuso de autoridade. A sua situação só se agrava, porque tratar de um assunto desses com um investigado e que trabalha contra a Lava Jato é um absurdo. Nada mais escandaloso. O PL do abuso de autoridade foi elaborado e patrocinado por senadores investigados pela Lava Jato e que querem parar as investigações, entre eles Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL).
Na segunda-feira (23), em Porto Alegre, Mendes disse que o relatório da Polícia Federal é “fofocagem” e “abuso de poder”.
“É um certo assanhamento, uma certa irresponsabilidade, só que feita não por ativistas, mas por gente que tem responsabilidade institucional: delegado, ministro, juiz… isso não pode se fazer. Isso é abuso de autoridade”, alegou.
Em Porto Alegre, Gilmar foi novamente alvo de manifestações. Mas o ministro fugiu do ato. Ele tinha uma visita marcada para o TRE-RS às 14:30h, mas só apareceu às 17h, quando os manifestantes já tinham se desmobilizado.