Centrais sindicais denunciam uso de redes sociais para “tentar desestabilizar a democracia no país”
As principais lideranças sindicais e do movimento organizado de Matanzas, com cerca de dois milhões de habitantes na província de Buenos Aires, lançaram um manifesto nesta quarta-feira (23) denunciando a “intencionalidade política” da onda de “ataques criminosos“ ocorridos contra o comércio na Argentina visando desgastar a gestão de Alberto Fernández e Cristina Kirchner.
“Frente à pobreza, à injustiça e à desigualdade a que nos querem submeter desde grupos concentrados de poder, a resposta deve ser sempre a organização coletiva”, aponta o documento assinado pelas regionais da Confederação Geral de Trabalho (CGT), da Central Autônoma de Trabalhadores (CTA), da CTA-Autônoma e por 62 organizações peronistas.
De acordo com as entidades, “perturbar a paz social através da divulgação de fatos que nos remetem ao passado só tem uma intenção política: enfraquecer a estabilidade democrática”. Ao mesmo tempo, sublinharam que “a utilização das redes sociais para produzir ‘Fake News’ e falsas denúncias mostram que pretendem desestabilizar o atual governo e todo o sistema democrático, impondo o medo ao povo”.
As armações que circularam pelo país, em mensagens quase rastreadas, relataram saques que até o momento não haviam existido – ou que sequer chegaram a ocorrer. Avisos pelo WhatsApp semeavam o medo: “vizinhos, perto e cuidado, eles vão vir saquear, já começaram…”. As redes sociais despejavam imagens falsas, até mesmo de outros países, como se ocorridas “recentemente”. Outras, como uma “profecia autorrealizável e bem temperada”, como denunciou o jornal Página12, mostravam lojas atacadas com danos de diferentes magnitudes – 94 pessoas presas na Grande Buenos Aires, uma delas ferida com arma de fogo. Tudo para ser temperado pelos conglomerados midiáticos, repetindo à exaustão, com um “Mapa dos saques na Argentina”.
Diante da intensidade das provocações, as entidades também observaram e expressam a sua solidariedade às vítimas dos ataques e exigem “que as autoridades correspondentes realizem investigações para encontrar os responsáveis por estes acontecimentos”.
A porta-voz presidencial, Gabriela Cerruti, denunciou o candidato do “La Libertad Avanza”, o neofascista Javier Milei, como o instigador. Num vídeo publicado no TikTok, Cerruti condenou a “operação armada pelo povo de Javier Milei”, que “visa gerar desestabilização, gerar incerteza e ir contra a democracia”. “Se houver criminosos, irão para a cadeia. E se houver desestabilizadores e golpistas, terão a resposta de toda a sociedade que os repudia”, acrescentou.
O ministro da Segurança Nacional, Aníbal Fernández, acrescentou que os ataques “não são espontâneos” e anunciou a criação de um comando unificado para sua investigação.
“Acreditamos que há uma intenção política de chegarmos às eleições de outubro com um ambiente muito convulsionado e que as pessoas sejam impedidas de votar com calma”, afirmou Beto Galeano, chefe da CTA Autônoma de La Matanza, reiterando a necessidade de “alertar” sobre os fatos para que “sejam tomadas as medidas correspondentes”. “Esperamos que as próximas reivindicações sejam para melhorar a situação. Temos que trabalhar para convencer as pessoas de que isso não aconteça, mas, se acontecer, vão nos encontrar unidos e organizados para dar o devido combate”, concluiu