
A Rússia seguirá como “barreira inquebrantável” contra o fascismo, afirmou o presidente Vladimir Putin neste 9 de Maio, na celebração dos 80 anos da Vitória na Grande Guerra Pátria com a capitulação incondicional da Alemanha nazista,
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“Hoje estamos todos unidos por um sentimento de alegria e tristeza, orgulho e gratidão, e veneração pela geração que esmagou o nazismo, com o custo de milhões de vidas, conquistou a liberdade e a paz para toda a humanidade. Nós preservamos fielmente a memória desses eventos históricos e triunfantes. E como herdeiros dos vencedores, celebramos o dia 9 de maio como nossa festa querida”, disse Putin, tendo a seu lado o presidente chinês Xi Jinping, e dois já centenários veteranos da marcha a Berlim – um que também lutou em Stalingrado e outro que participou na tomada de Auschwitz.
Também presentes, quase 30 chefes de Estado, entre eles o presidente brasileiro Lula e outros líderes da Maioria Global, como os presidentes Alexandr Lukhasenko (Bielorrussia), Alexandr Vucic (Sérvia), Diaz-Canel (Cuba), Abdel Fattah Al Sisi (Egito), Mahmoud Abbas (Palestina) e Ibrahim Traoré (Burkina Faso).
Delegações militares de 17 países marcharam em homenagem à vitória, enquanto a bandeira vermelha soviética da vitória, que foi hasteada sobre o Reichtag, voltou a ser exibida na Praça Vermelha, junto com a bandeira russa e no tradicional tanque T-34, que abre o caminho para os blindados. Ainda, soldados com os estandartes das dez frentes que rumaram para Berlim.
No desfile militar, a Rússia mostrou parte do seu armamento moderno de defesa e dissuasão e, como novidade, drones, que estão tendo papel essencial em deter a guerra da Otan contra a Rússia na Ucrânia. Putin fez questão de cumprimentar a delegação militar norte-coreana.
Em tempos em que o fascismo anda mostrando as caras, desavergonhadamente, e se tornou moda no chamado Ocidente enxovalhar a vitória soviética e o papel da União Soviética na libertação da Europa, enquanto os crimes nazistas são subestimados, Putin convocou as novas gerações a defender a memória do Exército Vermelho e resgatar a verdade histórica.
“Nós nos lembramos das lições da Segunda Guerra Mundial e nunca aceitaremos a distorção de seus eventos, as tentativas de justificar os carrascos e difamar os verdadeiros vencedores. O nosso dever é defender a honra dos combatentes e comandantes do Exército Vermelho.”
COM OS RUSSOS A BERLIM
Ele considerou a coragem dos povos da União Soviética como determinante para o resultado da Segunda Guerra Mundial “por meio de vitórias incondicionais nas grandes batalhas de Moscou e Stalingrado, na Batalha de Kursk e no Dniepe, pela coragem dos defensores de Belarus, que foram os primeiros a enfrentar o inimigo, pela firmeza dos participantes na defesa da fortaleza de Brest e Mogilev, Odessa e Sevastopol, Murmansk, Tula e Smolensk.”
“Pelo heroísmo dos habitantes da sitiada Leningrado, pela bravura de todos os que lutaram no front, em destacamentos guerrilheiros e na clandestinidade. Pelo valor daqueles que evacuaram fábricas sob fogo inimigo, que trabalharam no front doméstico, sem se poupar, até o limite de suas forças. Os planos nazistas de dominar a União Soviética colidiram com a verdadeira unidade de ferro do país.”
“O heroísmo do povo foi massivo. Todas as repúblicas suportaram o fardo comum e pesado da guerra. A contribuição dos habitantes da Ásia Central e da Transcaucásia foi enorme. Dali saíram ininterruptamente trens com tudo o que o front precisava. Aqui se instalaram hospitais e centenas de milhares de pessoas evacuadas encontraram aqui seu segundo lar. Compartilharam abrigo, pão e o calor cordial com eles.”
Ao que só acrescentaríamos, no esforço para ser mais precisos – sob a liderança do grande Stalin e do PCUS. Em homenagem a todos os veteranos da Grande Guerra Patriótica, a Praça Vermelha, a pedido de Putin, dedicou um minuto de silêncio.
OS SOLDADOS ALIADOS, A RESISTÊNCIA E O CORAJOSO POVO CHINÊS
O presidente russo também sublinhou que “a derrota completa da Alemanha nazista, do Japão militarista e de seus satélites em várias regiões do mundo foi realizada por meio dos esforços conjuntos dos países das nações unidas. Sempre nos lembraremos de que a abertura da Segunda Frente na Europa, após batalhas decisivas no território da União Soviética, tornou a Vitória mais próxima.”
“Apreciamos muito a contribuição para nossa luta comum dos soldados dos exércitos aliados, dos combatentes da resistência, do corajoso povo da China e de todos aqueles que lutaram por um futuro pacífico”, acrescentou.
Anteriormente, ao apresentar a Rússia como um baluarte contra o fascismo, ele também se referiu à luta contra a russofobia e o antissemitismo, fazendo uma ligação da luta de há 80 anos com o combate ao regime neonazi e que persegue russos étnicos na Ucrânia, sob instigação e armamento ocidental.
“A verdade e a justiça estão do nosso lado. Todo o país, a sociedade e o povo apoiam os participantes da operação militar especial. Temos orgulho na sua coragem e determinação, nessa força de espírito que sempre nos trouxe somente a vitória”. Tropas vindas da frente no Donbass também desfilaram na Praça Vermelha.
Em tempo: não há como dizer que os 80 Anos da Vitória sobre o Nazifascismo hajam sido comemorados nos países imperialistas, que adoram posar de “democráticos”. A Alemanha proibiu levar bandeiras soviéticas ou russas aos poucos atos que ocorreram. A data, em vários locais, motivou manifestantes a repudiar o rearmamento acelerado que vem sendo proposto pela cúpula europeia e o envio de armas para o regime de Kiev.
IZVESTIA REMEMORA O PRIMEIRO 9 DE MAIO
Um dos mais tradicionais jornais russos, o Izvestia, rememorou como surgiu o feriado de 9 de Maio e, quanto à atual ‘polêmica’ sobre o papel russo na libertação da Europa, destacou que, em 1945, ninguém teria como mentir sobre isso.
Inclusive o então primeiro-ministro britânico Wiston Churchill, que não pode ser chamado de simpatizante do socialismo, dos russos ou da URSS. “Não havia outra força além do exército russo que pudesse quebrar a espinha dorsal da máquina militar de Hitler”, ele escreveu. A URSS enfrentou 80% da máquina de guerra hitlerista.
“Bandeiras de vitória já estavam tremulando sobre Berlim. As paredes do Reichstag em Berlim já estavam adornadas com autógrafos de soldados soviéticos de todo o país”, relembrou o Izvestia.
“Em Moscou, quase todos os dias, fogos de artifício festivos iluminavam o céu noturno em homenagem aos heróis que libertaram a Europa. Os líderes possuídos do Terceiro Reich, Adolf Hitler e Joseph Goebbels, já haviam cometido suicídio, assim como o último Chefe do Estado-Maior da Wehrmacht, General Hans Krebs. O Exército Vermelho, tendo quebrado a resistência desesperada do inimigo, ocupou Berlim. Mas as pessoas esperavam pelas notícias mais importantes: a capitulação da Alemanha, o fim da guerra”.
“Na noite de 8 para 9 de maio, o ato de rendição incondicional da Alemanha foi assinado pelo Chefe do Comando Supremo da Wehrmacht, Wilhelm Keitel. E em nome dos aliados – Marechal Georgy Zhukov, General britânico Arthur Tedder, Comandante da Força Aérea Estratégica dos EUA Carl Spaatz e Comandante em Chefe do Exército Francês Jean de Lattre de Tassigny. “O povo soviético soube desta grande notícia no início do dia 9 de maio – tarde da noite, às 02h10. Mas naquela noite muitos não dormiram.”

MOSCOU FALANDO: A GUERRA ACABOU!
Finalmente, pelo rádio o comunicado: “Moscou falando! A guerra acabou! A Alemanha fascista está completamente derrotada!”. O dia foi declarado feriado.
“Neste dia, independentemente da hierarquia, soldados comuns sentaram-se à mesma mesa com os generais. O entusiasmo dos soldados é indescritível. O tiroteio não para. Tanto nossas forças quanto nossos aliados estão atirando com todos os tipos de armas. Eles atiram para o ar, derramando sua alegria. À noite entramos na cidade onde está localizada nossa sede. E de repente as ruas se iluminaram com uma luz brilhante. As luzes da rua e das janelas das casas brilhavam. Foi tão inesperado que fiquei perdido. Não percebi imediatamente que esse era o fim do apagão. A guerra acabou! — lembrou o marechal Konstantin Rokossovsky, que comemorou a vitória na Pomerânia Ocidental.”
“Já à noite, celebrações espontâneas começaram nas ruas das cidades soviéticas, ‘alegria com lágrimas nos olhos’. São lágrimas de felicidade e lembranças daqueles que não retornaram da guerra, que foram considerados desaparecidos em combate, que sofreram em hospitais com ferimentos graves… E sobre aqueles milhões de pacíficos soviéticos que os nazistas destruíram sem julgamento, que morreram de fome, que foram gaseados em campos de concentração…”
“À noite, começaram os concertos em todas as principais cidades do país, nas praças. Em Moscou, não muito longe da Praça Vermelha, a adorada banda de jazz de Leonid Utesov se apresentou em caminhões, cantando naquele dia, como nunca antes, com inspiração: ‘A Rua Berlim nos leva à vitória…’”
“Mais de 150 mil pessoas se reuniram na Praça do Palácio em Leningrado! Havia música tocando e discursos sendo feitos. Perto dali, na fachada do Palácio Mariinsky, foi instalada uma tela enorme na qual eram exibidos filmes da linha de frente: “Às 6 horas da noite depois da guerra”, “Antosha Rybkin”, “Air Cabby”. E fogos de artifício multicoloridos explodiram no céu acima do Neva.
STALIN
“As festividades foram interrompidas apenas quando Stalin começou seu discurso às 21h. Este discurso resumiu a guerra: “O grande dia da vitória sobre a Alemanha chegou. A Alemanha fascista, posta de joelhos pelo Exército Vermelho e pelas tropas de nossos aliados, admitiu a derrota e declarou rendição incondicional… A Grande Guerra Patriótica terminou com a nossa vitória completa. O período de guerra na Europa terminou. Um período de desenvolvimento pacífico começou. Parabéns pela vitória, meus caros compatriotas! Glória ao nosso heróico Exército Vermelho, que defendeu a independência da nossa Pátria e conquistou a vitória sobre o inimigo! Glória ao nosso grande povo, o povo vitorioso! Glória eterna aos heróis que caíram em batalha contra o inimigo e deram suas vidas pela liberdade e felicidade do nosso povo!”. Após esse discurso, a União Soviética inteira ficou em silêncio por um minuto, em memória daqueles que morreram heroicamente.