A ‘coalizão’ liderada pela Arábia Saudita e bancada pelos Estados Unidos massacrou mais de 80 civis e feriu pelo menos 100 no porto de Hodeida, no Iêmen, no último final de semana, por onde chegam 90% dos alimentos em um país à beira da fome, agravando ainda mais a já calamitosa situação. Com 600 mil pessoas, a cidade portuária está localizada no Mar Vermelho e é a principal via de acesso do país a alimentos, remédios, combustível e ajuda humanitária, ficando a apenas 150 quilômetros da capital Saná.
Neste momento, cerca de dois terços da população do país, de 27 milhões, depende de ajuda e 8,4 milhões correm risco de morrer subnutrida ou de inanição.
Na tentativa de restabelecer o governo fantoche deposto pelas forças revolucionárias, os senhores feudais do Golfo já assassinaram mais de 13 mil pessoas nos combates e bombardeios. A epidemia de cólera atingiu um milhão de iemenitas e matou 2.500, após os bombardeios destruírem hospitais e instalações de tratamento de água. De acordo com a Cruz Vermelha Internacional, mais de 15 dos 22 milhões de iemenitas não têm qualquer acesso à água potável e 90% da população depende exclusivamente do abastecimento por caminhões pipa. A falta de alimentos multiplica os mortos, sublinha a organização humanitária Care, apontando que, somente de fome, morreram 50 mil crianças no ano passado.
“Matar civis pela fome como método de guerra é um crime de guerra e foi condenado pela resolução 2417 do Conselho de Segurança da ONU de 24 de maio de 2018”, já havia advertido o relator especial da ONU para a Prevenção de Genocídio, Adama Dieng, condenando ataques ao porto.
Conforme alertou o chefe da ajuda humanitária, Mark Lowcock, ao Conselho de Segurança da ONU, o impacto do ataque é “catastrófico”, com o número de civis iemenitas famintos podendo dobrar para 18 milhões.
No mesmo final de semana as forças iemenitas abateram ao menos 30 mercenários sustentados pela Arábia Saudita, com “orientação direcionada e reabastecimento” dos Estados Unidos, em uma emboscada em Durayhimi. Com os EUA cada vez mais envolvidos, crescem as encomendas para a indústria bélica ianque, que ultrapassam os US$ 115 bilhões, entre os governos Obama e Trump.
Em 2017 o Iêmen viveu a maior epidemia de cólera até então e a Organização Mundial da Saúde (OMS) espera que “com a estação das chuvas os casos voltem a aumentar e muito mais pessoas se vejam afetadas”. Como o Iêmen pode estar à beira de uma nova epidemia de cólera, com uma taxa de mortalidade elevada devido à desnutrição generalizada, a OMS espera que haja um cessar-fogo para permitir a vacinação, disse a Organização Mundial da Saúde na sexta-feira.
O Ministério da Saúde do Iêmen frisou que os Estados Unidos tem “total responsabilidade” pelos ataques mortais em Hodeida e a União Europeia alertou que estamos diante da “pior crise humanitária do mundo”.
Aliança com terroristas
Informe que acaba de ser publicado pela agência Associated Press, expõe que, para fazer ataques dentro do Iêmen, a Arábia Saudita tem contratado, inclusive com dinheiro norte-americano, terroristas da Al Qaeda.
Ou seja, o governo norte-americano financia os terroristas cuja presença no Iêmen serve de pretexto para o apoio à Arábia Saudita e Emirados para atacar o Iêmen.
As informações da AP foram obtidas por jornalistas que entrevistaram integrantes de milícias que pululam hoje no agredido país do sul da Península Arábica.
“Um comandante iemenita que havia sido colocado, no ano passado, na lista de terroristas por ligações com a Al Qaeda continua a receber dinheiro dos Emirados Arábes para dirigir sua milícia, segundo nos informou seu intendente. Outro comandante, recentemente garantiu US$ 12 milhões para sua força”. Neste último caso, quem negociou a gorda mesada foi o próprio ‘presidente’ fantoche iemenita, bancado pela Arábia Saudita e Estados Unidos: Abed Rabbo Mansour Hadi.