Uma equipe de especialistas em direitos humanos da ONU, que realiza uma investigação internacional sobre o assassinato do jornalista saudita, Jamal Khashoggi, foi impedida de entrar na cena do crime, o consulado da Arábia Saudita, em Istambul, na Turquia.
Agnes Callamard, que lidera uma equipe de investigadores, anunciou, dia 30, que submeteu às autoridades sauditas uma solicitação para que lhes fosse permitido entrar no consulado e conversar com os funcionários, em Istambul, no dia 22 de janeiro, mas não obteve resposta, conforme declaração à TV turca, NTV. “Ainda, respeitosamente, estamos pedindo acesso às autoridades sauditas”, declarou Callamard.
Até o dia 1º de fevereiro, não houve nenhuma manifestação das autoridades sauditas. Ela acrescentou que, apesar da atitude evasiva dos sauditas, nada pode impedir sua equipe de realizar outras investigações, inclusive na área no entorno do prédio do consulado.
A equipe pretende se estender mais alguns dias para investigar as circunstâncias do assassinato do jornalista que, no momento do crime que lhe tirou a vida, no dia 2 de outubro, era colunista do jornal Washington Post. Ele escrevia colunas críticas à monarquia saudita, em especial denunciando crimes de guerra cometidos no Iêmen em sua intervenção em conluio e monitoramento pelos Estados Unidos.
O jornalista entrou na sede consulado saudita em 2 de outubro para pegar documentos com vistas a seu próximo casamento, na Turquia. Nunca mais foi visto e as denúncias, inclusive com base em áudios e vídeos, é de que foi brutalmente assassinado, sob tortura, e depois esquartejado.
Depois de negar qualquer envolvimento no crime durante semanas, o governo saudita indiciou 11 pessoas no assassinato, incluindo membros de equipes que atuavam diretamente com o ditador saudita, Mohammed Bin Salman.
Callamard e integrantes de sua equipe encontraram-se com o procurador-geral de Istambul, Irfan Fidan – que chefia a investigação por parte das autoridades turcas – com os ministros do Exterior, Mouloud Chavushoglu e da Justiça, Abdulhamit Gül. O governo turco também tem denunciado a falta de cooperação do regime saudita para a elucidação do crime.
A dirigente da equipe informa que deve apresentar seu informe sobre a morte de Khashoggi, ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em junho. Callamard é uma advogada que atua em favor dos direitos humanos e foi indicada como encarregada de investigações sobre execuções arbitrárias em 2016.