O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avisou por telefone, nesta quinta-feira (21), ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que deixará a articulação política pela reforma da Previdência.
Vários líderes de bancada na Câmara estavam presentes quando Maia telefonou para Guedes.
A decisão de Maia aconteceu assim que ele leu mais um post do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), com ataques a ele.
Maia fora chamado, antes, de “achacador”.
Em seguida, o filho de Bolsonaro, depois de compartilhar a resposta de Moro a Maia, por decidir não priorizar a tramitação do projeto do ministro (“Talvez alguns entendam que o combate ao crime pode ser adiado indefinidamente, mas o povo brasileiro não aguenta mais”), escreveu no Twitter : “Há algo bem errado que não está certo!”.
No Instagram, o mesmo filho de Bolsonaro escreveu: “Por que o presidente da Câmara está tão nervoso?”.
Era uma menção ao fato de que Maia é casado com a filha da atual esposa de Moreira Franco, preso, com Michel Temer, pela Operação Lava Jato, na quinta-feira.
“Não é possível continuar trabalhando e ser atacado dessa forma”, ponderou o deputado. “Eu estou aqui para ajudar, mas o governo não quer ajuda”, acrescentou. “Eu sou a boa política, e não a velha política. Mas se acham que sou a velha, estou fora”, disse Maia, numa crítica direta a Bolsonaro, que, em entrevistas, acusou os integrantes do Congresso Nacional de estarem querendo manter a “velha política”.
Na Câmara, Maia comentou que era impossível continuar articulando a reforma da Previdência ou participar da base governista.
Além disso, disse que não entendia a comemoração dos bolsonaristas pela prisão de Temer – e, muito menos, as afirmações, também de bolsonaristas, de que Geraldo Alckmin será o próximo a ser preso, por supostos vínculos com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Maia lamentou que tais declarações afastavam votos do MDB e do PSDB para a reforma da Previdência.
Moro acusara Maia, na terça-feira (19), de descumprir um acordo e lamentou a criação de um grupo de trabalho para analisar o seu projeto.
Rodrigo Maia, ao saber da acusação, respondeu: “Funcionário do presidente Bolsonaro conversa com o presidente Bolsonaro. Se o presidente Bolsonaro quiser, conversa comigo. Eu fiz aquilo que acho correto“.
Maia, em churrasco na sua casa, cobrara de Bolsonaro os ataques a ele, através da Internet. Bolsonaro respondeu que não tinha como controlar seus milhões de seguidores.
É óbvia a conclusão a que o meio político chegou, sobretudo quando é o próprio filho de Bolsonaro o promotor dos ataques: seria o próprio Bolsonaro quem cevaria as agressões.
Em Santiago do Chile, onde está, Bolsonaro apoiou o filho. Disse ele que “todo o Brasil está indignado” com a suposta demora no projeto de Moro. E disse que os ataques de seu filho não são motivo para a indignação de Maia:
“Será que esse foi o motivo? Se foi esse o motivo, eu lamento, mas isso não é motivo“.
Quero mais que a relação governo e congresso pegue fogo e os bombeiros de férias!
Falta patriotismo nos dois lados.
Essa velha política não desapareceu.
Se Bolsonaro perde, perde o povo.
Se Rodrigo perde, perdemos todos, enfim retornem as negociações.
Só uma pergunta: se Bolsonaro perde, nós perdemos o quê, leitor? O direito de ser roubados e não se aposentar? Ou será o direito de não pensar livremente?