O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) é “suspeito” por ter pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) o fim das investigações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, disse a deputada Lídice da Mata (PSB-BA).
“É inacreditável que alguém queira barrar uma investigação que é de interesse de toda a nação. Que quer saber quem dissemina, de que forma são disseminadas notícias falsas, ou seja, desinformação”.
“Se alguém não quer investigar, é em princípio suspeito. Principalmente após termos chegado no número do IP do gabinete dele [Eduardo]. No computador do seu assessor”, disse a relatora da CPMI. Com uma quebra de sigilo, a CPMI descobriu que a conta “bolsofeios”, que era usada para atacar opositores de Bolsonaro com fake news, foi criada com um e-mail do gabinete de Eduardo.
O filho de Bolsonaro entrou, na segunda-feira (20), com um pedido no STF para que a prorrogação das investigações, aprovada pelos deputados, seja suspensa. Eduardo argumenta que a CPMI está perseguindo os bolsonaristas.
Os prazos da CPMI estão suspensos durante a quarentena da pandemia. Quando as atividades presenciais do Congresso voltarem a ocorrer, a prorrogação de 180 dias aprovada pelos deputados volta a ser contada.
“Não há nenhuma sustentação nessa ação e espero que ela não seja atendida de forma alguma”, disse Lídice da Mata.
A deputada acredita que a ação de Eduardo mostra que ele sentiu, “preventivamente, a necessidade de impedir a investigação, e dar continuidade à prática”.
“O que desperta tanto temor no governo? Eu me pergunto isso todos os dias. O que que se teme tanto? Porque não é uma comissão de punição de nada, é uma comissão de investigação. Quem pode ter medo de uma investigação dessas? Por que tanto medo? Por que tanto ódio? Por que tanta raiva?”, questionou a deputada.
Para ela, novos fatos, como de uma campanha de ataques virtuais contra o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), devem ser apurados.
“Geralmente ataques partindo, iniciando do Twitter do próprio Carlos Bolsonaro, do seu irmão e de auxiliares. Fatos novos devem ser alvos de investigação. Porque estão dentro dos objetivos da comissão”.
Ouvido pelo HP, o presidente da CPMI, senador Angelo Coronel (PSD-BA), afirmou que aguarda a decisão do STF e respondeu a Eduardo Bolsonaro lembrando que a decisão de prorrogar os trabalhos foi do Congresso Nacional.
Angelo acredita que a rede de fake news continua funcionando durante a crise do coronavírus. “Basta ver a quantidade de informações absurdas sobre como se combater o coronavírus, doença que até agora não tem vacina e cujo método principal de prevenção é o isolamento horizontal com a limpeza correta das mãos e o uso de máscaras”.
“As redes de fake news continuam tão atuantes, infelizmente, nestes tempos de pandemia, que até mesmo o Ministério da Saúde teve que montar uma página apenas para desmentir os vários absurdos sobre doença”, continuou o senador.
Segundo ele, “o impacto disso é na própria vida das pessoas. Uma informação errada, disseminada por maldade, ou mesmo sem a intenção, pode levar uma pessoa à morte por não ter tomado as medidas preventivas necessárias para evitar a doença”.
O vereador no Rio de Janeiro e irmão de Eduardo, Carlos Bolsonaro, atacou a CPMI através das redes sociais. “É muita canalhice coordenada por Botafogo [forma como os bolsonaristas chamam Rodrigo Maia] e seus asseclas nesta dita CPMI que não faz porcaria nenhuma em prol do Brasil a não ser dar palanque político a vagabundos que querem inventar qualquer motivo boçal para justificar por mais uma via, derrubar o Presidente Bolsonaro”, publicou.