Bolsonaro queria que Petrobrás fosse parar nas mãos dos americanos. Cinismo patrioteiro do “mito” era só disfarce. Não é à toa que ele se refugiou na Disneylândia quando seu golpe de Estado fracassou
Adolfo Sachsida, ex-ministro de Minas e Energia de Bolsonaro, abre o jogo sobre os planos de destruição da economia do país numa entrevista ao Estadão desta quinta-feira (13). Ele disse que se Bolsonaro fosse reeleito a Petrobrás seria entregue à empresas estrangeiras. “Se o ex-presidente Jair Bolsonaro tivesse conseguido se reeleger, a Petrobrás seria privatizada”, disse ele.
“Embora muita gente não acreditasse que isso fosse possível, a privatização da Petrobrás estava sendo preparada pelo governo. Nós iríamos trazer, no espaço de um ano e meio”, confessou o funcionário de Bolsonaro.
Essa afirmação do ex-auxiliar do desastroso governo anterior desmascara todo o cinismo patrioteiro de Bolsonaro. O apátrida não queria uma Petrobrás brasileira. Ele achava- e segue achando – que os engenheiros brasileiros, os técnicos brasileiros, os administradores e os cientistas brasileiros não têm competência, só os americanos são capazes.
Ele fez o que pode para destruir a ciência brasileira. Perseguiu cientistas, perseguiu professores, cortou verbas e sabotou as empresas e a economia nacional. As encenações, enrolando-se em público na bandeira brasileira, eram puro disfarce para o seu servilismo aos EUA e o seu ódio ao Brasil.
O farol do mundo para Jair Bolsonaro, para o seu entorno e família é, na verdade, a Casa Branca, a bandeira americana – de preferência a dos Confederados racistas -, a Cia, o Pentágono, Wall Street ou a Disneylândia. Para os fascistas tupiniquins, nada no Brasil presta. Para Bolsonaro, não precisam existir as empresas brasileiras. Se depender dele, entrega tudo para os gringos. Não é à toa que, após a derrota eleitoral e o fracasso de sua tentativa golpista de 8 de janeiro fracassar, ele foi se esconder em Miami.
O Brasil conseguiu expelir – pelo voto e pela lei – os traidores da pátria do desgoverno anterior, mas eles fizeram um verdadeiro estrago nas empresas brasileiras.
Esquartejaram a Petrobrás. Venderam a BR Distribuidora, venderam os gasodutos construídos pelo país para depois pagar aluguel pelo seus uso, venderam os campos de petróleo, alienaram quatro refinarias e tornaram o Brasil dependente de importação de óleo diesel. Como disse o entrevistado do Estadão, se continuássemos, venderíamos a Petrobrás inteira.
Cometeram um crime também com a Eletrobrás, a maior empresa de energia da América Latina. Segundo Roberto D´Araújo, presidente do Instituto Ilumina, a privatização da Eletrobrás foi criminosa. “A venda do controle acionário (privatização) por um valor que chega a 1/10 do valor de mercado da empresa inglesa Duke Energy, que tem aproximadamente a mesma capacidade de geração”, denunciou.
O pesquisador do Instituto de Economia da UFRJ, Ronaldo Bicalho, afirmou que “a privatização da Eletrobrás abriu um buraco na segurança e no abastecimento do país gigantesco. Para o especialista, os primeiros movimentos da direção da Eletrobrás privatizada apontam claramente para “forte processo de financeirização da maior empresa do setor elétrico no Brasil hoje e uma das maiores do mundo”.
O presidente Lula chamou a privatização da Eletrobrás de bandidagem. “Veja a sacanagem”, “o governo tem 43% das ações da Eletrobrás, mas no conselho só tem direito a 1 voto”. “Os nossos quarenta por cento só vale 1 voto. Quem tem 3% tem o mesmo direito do governo. Então, nós entramos na Justiça para que o governo tenha a quantidade de votos de acordo com a quantidade de ações que ele tem”, afirmou o presidente.
“A segunda sacanagem que fizeram é a seguinte, se o governo quiser comprar de volta a Eletrobrás, e tiver um cara lá qualquer que ofereceu 30 bilhões, sabe o que eles colocaram na lei? Que o governo brasileiro, para comprar, tem que pagar três vezes a oferta que foi feita pelo setor privado. Ou seja, é a sacanagem para poder evitar que o governo volte a ser responsável por cuidar da energia que o povo tanto precisa”, denunciou Lula.
Realmente, Adolfo Sachsida deixou claro a importância estratégica da derrota de Bolsonaro nas últimas eleições. Além de desrespeitar a democracia, instituir o terror e a perseguição às artes, à cultura, à educação e à ciência brasileira, ele tinha um plano de destruir a economia e as empresas brasileiras. Queria transformar o Brasil não apenas num quintal dos EUA, mas no 53º estado americano. Se Bolsonaro seguisse no Planalto, ele venderia até o Palácio Planalto, de referência a troco de algumas rechadinhas em dólar.