O prefeito reeleito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), disse que “há um desespero na população mundial sobre a vacina” e que “se o governo federal não comprar a vacina, é caso de guerra. É caso de Supremo, é caso de Congresso, é muito grave”.
“Todo mundo quer tomar a vacina o mais rápido possível. Com isso não se pode brincar”, advertiu o prefeito em entrevista ao canal de notícias Globonews, na manhã desta quarta-feira (2 de dezembro).
“Já tenho 2 milhões de seringas compradas e se não comprar é caso muito sério. Isso pode virar uma guerra judicial. Até eu que tenho medo de injeção quero ela”, continuou.
Kalil foi reeleito prefeito de Belo Horizonte no primeiro turno, quando conseguiu 63% dos votos derrotando o candidato de Bolsonaro, Bruno Engler (PRTB), que ficou em segundo lugar com apenas 9,95% dos votos.
O prefeito disse que “não acredita” que o governo federal vai se recusar a comprar a CoronaVac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com laboratório chinês Sinovac, por questões ideológicas.
“É a coisa mais grave que pode acontecer nesse país. Vamos ser claros, é a vacina do Butantan. Se essa vacina funcionar, não tenho dúvida que o governo vai comprar”, disse.
O ministro da Saúde, general Pazuello, disse, na quarta-feira (2), que os planos do governo federal visam a compra e a produção interna apenas da vacina AstraZeneca, produzida pela universidade de Oxford, que tem tido 62% de eficácia nos testes, número que é considerado baixo.
O prefeito de Belo Horizonte disse que não tem intenção de decretar lockdown por causa do coronavírus. “Nunca fizemos lockdown. Abrimos serviços essenciais igual a outras cidades. Nossa reabertura foi gradativa, lenta e com juízo. Fiz reunião com a Secretaria de Saúde, com comerciantes e, por causa da Black Friday e do Natal, decidimos abrir o comércio em três domingos. Tudo acertado com todos os setores. Ninguém é mais inteligente que ninguém. Vi o que a Europa estava fazendo e fiz igual”.
Durante a entrevista, feita pela jornalista Andréia Sadi, Kalil respondeu ao filho de Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que o chamou de “projeto de ditador” e o criticou por abrir o shopping popular em Belo Horizonte.
“Não queria responder porque aprendi que se não tiver plateia, não tem picadeiro e não tem palhaço. Tem gente que quer defender a vida. Tem gente que sabe o que é perder o pai e a mãe. Eu perdi os dois. Há uma polarização e tenho certeza que esse país ainda vai voltar a se comunicar. Os comerciantes do shopping popular são camelôs e que íamos jogar na rua. Não quero aparecer em cima disso, mas governo para 2.700 milhões de pessoas, entre eles pobres e com tornozeleira. Tenho um cargo e tenho que cuidar dessas pessoas. Não sou deputado para ficar tuitando”, respondeu.
Sobre 2022, Kalil declarou que não ambiciona ser candidato a presidente, mas que está “no tabuleiro”. “Não tenho ambição de ser o candidato. Não sento em uma cadeira pensando em outra, mas estou no tabuleiro. BH merece estar nesse jogo. Hoje não temos ninguém querendo. Belo Horizonte está jogada de lado. Minas está muito jogada pela importância que tem para a nação”.