“A venda de ativos e o enfraquecimento da Petrobrás são frutos de pressão externa exercida pelos Estados Unidos”, acrescentou o diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)
O diretor Administrativo da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), Fernando Siqueira, que já presidiu a entidade, denunciou, em entrevista ao programa Faixa Livre, na última quarta-feira (10), que a venda de ativos e o enfraquecimento da Petrobrás são fruto de pressão externa exercida pelos Estados Unidos.
“Essas vendas fazem parte de um processo de pressão internacional. Principalmente pelos EUA, porque eles têm um quadro de insegurança energética muito grave. Eles têm uma reserva de 40 bilhões de barris e consomem 8 bilhões por ano. Em 5 anos, se o EUA não tiver petróleo externo, ele morre, porque a falta de energia é fatal”, apontou Siqueira.
“Então, o que os EUA querem é o pré-sal com a tecnologia da Petrobrás”, acrescentou. “Essa ideia de vender ativos é para enxugar a empresa e depois ela ficar fácil de ser comprada. Isto é assim porque o que eles querem é a reserva do pré-sal, que gira em torno de 100 bilhões de barris, mais do dobro das reservas que eles têm”, destacou o engenheiro. “É por isso que eles invadiram o Iraque, o Afeganistão, a Líbia, tudo em busca de petróleo”, prosseguiu Siqueira.
“Se a Petrobrás se desfizer dos ativos fica mais fácil para eles comprarem, porque o alvo principal é o pré-sal. Eles estão numa insegurança energética imensa e querem o pré-sal a todo custo. O alvo não é a Petrobrás em si. Eles querem a Petrobrás com a sua tecnologia e com as reservas que ela detém, inclusive com mais as reservas do norte do país”, denunciou o diretor da Aepet.
RLAN
Sobre a venda subestimada da Refinaria Landulpho Alves (RLAN) na Bahia pelo governo Bolsonaro, Fernando disse que “o preço de venda foi menos da metade do preço avaliado por empresas especializadas”. Ele destacou que ainda teve um agravante. “O mercado que a Petrobrás tinha na Bahia. Aquele mercado cativo vale dez vezes o preço que ela foi comprada”, observou o diretor da Aepet.
“Esta venda absurda que tem que ser revista porque ela faz parte de um processo de pressão internacional. Se o governo Lula tiver um senso de patriotismo tem que rever essas privatizações dos ativos da Petrobrás, inclusive a BR [Distribuidora], que foi vendida também com um mercado fantástico, cerca de 35% do mercado nacional, a preço de banana. Muito aquém do valor real que esse mercado representa”.
Fernando Siqueira frisou ainda que a pressão exercida pelos EUA acaba facilitando que outros grupos – como o Mubadala – acabem adquirindo ativos e contribuindo para o enfraquecimento da Petrobrás. “O Lula fica querendo que esses fundos venham investir no Brasil e por isso fica contemporizando”, apontou. “Por trás disso tudo está a questão estratégica das nossas reservas de petróleo”, observou Siqueira.
PETROS
Outra questão abordada por Fernando Siqueira na entrevista foi sobre o Fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás (Petros). Ele denunciou a Resolução CGPC N° 59, de 15/12/2023, que “permite que se aplique os recursos dos funcionários em qualquer lugar”. Em artigo recente, ele já havia alertado para este problema. “Com essa resolução, os recursos dos funcionários vão para os bancos”, denunciou.
“Durante os 16 anos que que fui conselheiro da Petros, participei dos congressos da ABRAPP, onde os bancos pregavam o fim dos planos benefício definido, BD – eles não se conformam que o patrimônio de R$ 1,5 trilhão dos fundos não estivesse sob controle deles”, afirmou Siqueira.