O líder do governo afirma que prioridade do governo é a democracia e a melhoria da vida do povo brasileiro. Ele desmente “crise” no Congresso e diz que o governo é de frente ampla contra o fascismo
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido), argumentou, em entrevista à Folha de S.Paulo desta terça-feira (4), que o governo Lula é um governo de frente ampla contra o fascismo e pela democracia.
DEMOCRACIA E RECONSTRUÇÃO DO PAÍS
Ele respondeu sobre alguns assuntos em que parlamentares da base do governo votaram diferente do que pensa o governo. “Lula foi eleito com três signos: a defesa da democracia brasileira, a reconstrução do país e a recuperação da qualidade de vida do povo. Quanto mais esse governo garantir emprego e comida na mesa aos brasileiros, maiores as chances de sucesso. Quanto mais nós nos distanciarmos para outros temas, mais espaço tem para o florescimento da extrema direita e do fascismo”, disse o senador.
Ele minimizou a votação que impediu que presos em regime semiaberto e que não tenham cometido crimes graves pudessem visitar seus parentes. “Nos preocupava muito mais a derrubada dos vetos relativos à Lei de Diretrizes Orçamentárias e à Lei Orçamentária”, disse Randolfe. “A nossa preocupação central naquela sessão nem era a saidinha”, acrescentou.
GOVERNO DE FRENTE AMPLA
“A aliança que governa esse país é uma aliança de frente ampla. Não é uma aliança nem de centro-esquerda. É centro-democrática”, prosseguiu o parlamentar. “O governo nunca vai esconder suas posições. O que ocorre é que, em alguns desses temas, o Congresso hoje é muito mais sensibilizado pelo perfil que ele tem”, afirmou o líder do governo, destacando que esse perfil é diferente do perfil do governo.
O senador pelo Amapá explicou que num governo de frente ampla há diferenças de opiniões quando os temas são os costumes ou a segurança. “Ninguém omitiu posição para vir para o governo. Qual o signo da nossa eleição? Melhoria da qualidade de vida dos brasileiros, defesa da democracia. O pacto da governabilidade tem que garantir isso. Em relação a outros temas, todos nós conhecemos a posição de todos”, apontou o senador. Perguntado se era uma coalizão pela metade, Randolfe respondeu: “é a coalizão dos tempos em que vivemos”.
NÚCLEO POLÍTICO DE CONFIANÇA
Sobre uma possível reforma ministerial, hipótese aventada por parte da mídia, o senador negou que ela esteja sendo cogitada. “Eu não ouvi em nenhum momento isso ser cogitado. O que muda com qualquer ajuste dessa natureza nesse momento? O núcleo político é o núcleo político de confiança do presidente. Nós temos um presidente da República que governa, não terceiriza o governo”, destacou o parlamentar.
Sobre o presidente Lula poder contar com Arthur Lira como um aliado, Randolfe disse que o governo trabalha com Arthur Lira e Rodrigo Pacheco como aliados. “Tanto é que os partidos de ambos integram o governo”, apontou, destacando que o governo não vai se meter em sucessão. “Quem tem que liderar a sucessão de Arthur Lira é o próprio Arthur Lira. Quem tem que presidir a sucessão de Rodrigo Pacheco é o próprio Rodrigo Pacheco. Tenho certeza de que quem vier a suceder aos dois manterá o nível de cooperação que eles têm tido com o governo”, disse.
PRIVATIZAÇÃO DAS PRAIAS
Sobre a proposta da chamada privatização de praias, Randolfe disse que o governo é contra. “Somos terminantemente contra. É uma proposta absurda. Nós consideramos legítimo questionar a tributação de laudêmio, foro e IPTU. Ajustar para que sejam tributados somente por um desses tributos, acho que é um debate necessário”, explicou.
“Agora, [não se pode proibir] a maioria dos brasileiros mais pobres de ter acesso à praia. Eu acharia mais adequado ter uma outra PEC só tratando desse outro tema [da tributação], porque eu acho que essa proposta já está irremediavelmente contaminada. Acho muito difícil a maioria dos meus colegas senadores querer colocar a digital em uma proposta que privatiza as praias brasileiras”, acrescentou.
Também sobre a taxação das compras internacionais até 50 dólares, Randolfe garantiu que não haverá vetos por parte do governo. “Houve um acordo firmado na Câmara com a participação da oposição. O Senado reiterando o acordo que foi expressado na votação quase unânime, não há razão para ter veto. A prioridade é que o tema seja aprovado, apreciado e aprovado”, completou o senador.