Se Wizard não for por bem, será por condução coercitiva, decide CPI

O integrante do "gabinete da sombra" de Bolsonaro, Carlos Wizard. Foto: Miguel Schincariol - AFP
A convocação de Carlos Wizard para depor na CPI já foi aprovada e agendada para a próxima semana, todavia o bilionário não respondeu às convocações

A CPI da Covid-19, no Senado, decidiu pedir condução coercitiva do empresário Carlos Wizard à Justiça porque ele não respondeu à notificação para depor na próxima sessão. A informação é do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que é vice-presidente da comissão.

O senador, em entrevista à CNN, na quinta-feira (10), afirmou que “o paradeiro de Wizard é desconhecido e incerto. Ele sumiu”. A CPI notificou o empresário na casa dele no interior de São Paulo. No entanto, a comissão, de acordo com Randolfe, recebeu informações de que ele está nos Estados Unidos.

“Se estiver no exterior mesmo, a PF vai esperá-lo no aeroporto”, explica. Wizard foi cotado para secretário de Ciência e Tecnologia, do Ministério da Saúde, área que cuida da incorporação de medicamento e tecnologias no SUS (Sistema Único de Saúde).

Segundo o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Carlos Wizard seria um dos financiadores do “ministério paralelo da saúde”, o “gabinete da sombra”. Ao lado da médica Nise Yamaguchi, o empresário teria tentado alterar a bula da cloroquina por meio de decreto presidencial para incluir o chamado “tratamento” precoce contra a Covid-19.

“Wizard defendeu publicamente o “tratamento” precoce contra o coronavírus e se posicionou contrariamente às medidas de confinamento, havendo indícios de que tenha mobilizado recursos financeiros para fortalecer a aceitação das medidas que o presidente da República julgava adequadas, mesmo sem qualquer comprovação científica”, argumenta Alessandro.

Para a cúpula da CPI, ele era auxiliar de Bolsonaro no suposto e chamado “gabinete paralelo”.

A CNN informou que procurou o empresário Carlos Wizard, que não retornou ainda os contatos.

OUTRO DEPOIMENTO

Como plano B, caso o depoimento de Carlos Wizard não ocorra, a CPI vai antecipar a oitiva do auditor Alexandre Figueiredo, suspeito de incluir uma tabela com dados equivocados sobre coronavírus no sistema do TCU (Tribunal de Contas da União).

O documento foi utilizado pelo presidente Jair Bolsonaro como base para afirmar, equivocadamente, que metade das mais de 470 mil mortes registradas no Brasil não foram por Covid-19.

Nitidamente um dado falso que o presidente da República não se constrange em divulgar para causar mais tumulto no conturbado ambiente social, político e econômico brasileiro.

O presidente Jair Bolsonaro, com esse comportamento, é fator de crise permanente no País.

QUEM É CARLOS WIZARD

O curitibano Carlos Roberto Martins tem 64 anos e é mais conhecido por ter criado em 1987 a franquia de escolas de inglês Wizard, da qual adotou o nome. Ele conta que teria aprendido o método de ensino usado nessas escolas na Igreja dos Santos dos Últimos Dias, da qual é seguidor.

Wizard comprou outras empresas de educação, criando o Grupo Multi, e, conforme noticiou o jornal Valor, decidiu vender o negócio para o grupo britânico Pearson, por R$ 1,95 bilhão, em 2013.

Ele criou então uma gestora de investimentos, a Sforza, à frente da qual também estão dois de seus seis filhos, Charles e Lincoln.

A gestora tem em seu portfólio negócios como as redes Mundo Verde, KFC e Pizza Hut, além de empresas de educação, esportes e serviços financeiros, entre outros.

Wizard prefere se apresentar hoje como empreendedor social e faz as vezes de guru dos negócios.

É autor de livros como “Desperte o milionário que há em você”, “Sonhos não têm limite” (sua biografia), “Do zero ao milhão” e “Meu maior empreendimento”.

São livros de autoajuda. Ou seja, o autor se vale apenas das experiências dele para vender ideias de que “tudo é possível” se tiver obstinação e força de vontade.

M. V.

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