O Secretário de Educação Superior, Arnaldo Lima Júnior, pediu demissão na quinta-feira (30) após nove meses no cargo do Ministério da Educação (MEC). Ele deixa o cargo em meio à crise causada pela gestão de Abraham Weintraub no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
O ex-secretário é servidor de carreira do Ministério do Planejamento – atual Ministério da Economia – e deve voltar à função que ocupava. Economista de formação, ele foi nomeado por Weintraub para coordenar uma das maiores secretarias do ministério.
Lima divulgou uma nota em que justifica a demissão. Ele diz que se desliga por motivos pessoais para “abraçar um novo propósito profissional”. Na certa, não pretende “abraçar” Weintraub que, cada vez mais, é criticado por sua falta de capacidade para gerir o MEC.
Na quinta-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que “Weintraub é um ministro que atrapalha o Brasil”. “Ele é um desastre, acho que atrapalha o futuro de milhões de crianças. A situação é grave”, alertou o parlamentar.
Até mesmo dentro do governo, sentar na cadeira ao lado da de Weintraub está pegando mal. Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), afirmou na quarta-feira (29), que o MEC precisa ser “descontaminado de ideologias dos dois lados”.
DEBANDADA
O MEC vem sofrendo com uma debandada desde o fim do ano passado. O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Anderson Ribeiro Correia, deixou o cargo para assumir o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Dois coordenadores da área de Alfabetização do MEC, Renan Sargiani e Josiane Toledo Silva, também se afastaram. Até a principal assessora de imprensa de Weintraub, a jornalista Priscila Costa e Silva, deixou a pasta.
Só em 2019, o MEC perdeu cerca 50 consultores que atuavam na área de tecnologia da informação, responsáveis pelo Sisu. Na semana passada, estudantes relataram instabilidade e falhas na plataforma. Os servidores falaram que o déficit de funcionários contribui para as dificuldades de manutenção do Sisu, que chegou a ser suspenso por decisão judicial.
Segundo os servidores, os 50 consultores representavam cerca de um terço da força de trabalho de tecnologia da informação do MEC. O grupo de 50 consultores deixou de atuar no MEC em julho de 2019, quando o Weintraub anulou acordo de assistência técnica com a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), em vigor desde 2008, após suspeita de irregularidades.
Os consultores tinham como atribuição a manutenção e desenvolvimento de sistemas de informação do MEC, entre eles o Sisu. À época, o MEC disse ter identificado supostas irregularidades formais no vínculo jurídico dos consultores.