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Os dois, Pablo Bello Arellano e Dario Durigan, atuaram em nome da Meta, do oligarca americano Mark Zuckerberg, contra a regulamentação das big techs no Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, convidou um executivo da Meta, Pablo Bello Arellano, que atuava na empresa do oligarca bilionário americano Mark Zuckerberg, para ser seu assessor especial, exatamente no setor que deveria tratar da regulação das big techs no Brasil. Esse departamento é responsável pela regulamentação e a criação de um imposto sobre os ganhos dessas empresas.
Antes de assumir a assessoria na Fazenda, o chileno Pablo Bello Arellano já havia participado de ao menos cinco reuniões na pasta nas quais defendeu os interesses da Meta contra o país, segundo registros na agenda pública do Ministério. Arellano e outros executivos da Meta atuavam contra o projeto que buscava combater as fake news e da regulamentar a taxação das big techs.
Em 8 de novembro de 2023, Arellano esteve novamente no Ministério representando os interesses da Meta. Ele estava ao lado de Will Cathcart, vice-presidente global do WhatsApp e acompanhado, também, de Murillo Laranjeira, diretor sênior de Políticas Públicas, principal articulador da Meta em Brasília contra o Projeto de Lei das Fake News.
O ministro, que tem se esmerado em buscar “auxiliares” da pasta na Faria Lima, disse que não vê problemas em ter um ex-Meta atuando em questões que interessam diretamente à empresa dona do WhatsApp, Facebook e Instagram para a qual trabalhava poucos meses antes de entrar no governo.
Arellano foi diretor de Políticas Públicas para a América Latina do WhatsApp entre 2019 e agosto de 2024, informa em seu LinkedIn. Dois meses depois, em 10 de outubro, foi nomeado como assessor especial da Fazenda
Fernando Haddad justificou a nomeação dizendo que não conhece Arellano e que dá liberdade aos seus secretários para contratarem suas equipes. Haddad afirma que trata desse tema da regulação das redes com o secretário de Reformas Econômicas, Marcos Barbosa Pinto, seu amigo há 20 anos e seu principal assessor para o tema. O fato do novo auxiliar ter sido da Meta, portanto, fica por conta do “amigo”.
Estranhamente, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, também trabalhou para a Meta. Ele esteve na empresa de Zuckerberg de janeiro de 2020 até ingressar no governo, em junho de 2023. Em seu perfil no LinkedIn, ele registrou atuação como “head de Políticas Públicas – WhatsApp, Brasil”, mas seu perfil não foi atualizado com novo cargo no governo.
Em 2 de maio de 2023, esteve na Fazenda como funcionário da Meta para defender os interesses da empresa. Pouco mais de um mês depois, em 19 de junho do mesmo ano, ele foi nomeado secretário-executivo de Haddad.