O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, o português Antônio Guterres, abriu na última terça-feira a maior reunião diplomática do planeta advertindo que o unilateralismo está colocando as normas mundiais “em um ponto de quebra” e deixando a “democracia sob cerco”.
“Hoje, a ordem mundial está cada vez mais caótica. As relações de poder são menos claras”, advertiu Guterres, para quem “os valores universais estão em erosão”. Assim, com “mudanças no equilíbrio de poder, o risco de confrontação pode aumentar”. “Os desafios estão crescendo fora, enquanto muita gente está se voltando para dentro”, assinalou o dirigente, conclamando a todos a lutarem unidos em defesa da própria humanidade.
Na assembleia representativa de 193 nações, o secretário-geral da ONU disse que é inaceitável que os esforços de paz estejam fracassando e que normas humanitárias internacionais estejam em franco colapso. Recentemente, o governo de Donald Trump demonstrou todo o seu desprezo pelos tratados internacionais ao abandonar o acordo nuclear com o Irã, o do clima de Paris e, inclusive, cortar o financiamento para a ONU, estampando o retrocesso em curso.
“Existe indignação diante da nossa inabilidade para pôr fim às guerras na Síria, no Iêmen e outros lugares. Os rohinyá (qualificados como o povo muçulmano mais perseguido do mundo, obrigado a fugir constantemente da Birmânia para a vizinha Bangladesh) permanece no exílio, traumatizado e na miséria, ansiando por segurança e justiça”, apontou Guterres. Ele lembrou ainda que a solução de dois Estados para os povos israelense e palestino está cada vez “mais e mais distante”, enquanto a ameaça nuclear “não se distanciou”.