“A UNRWA é indispensável e não pode ser substituída”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, referindo-se a lei que tramita no Knesset, parlamento israelense, proibindo a atuação da agência da ONU de apoio aos refugiados palestinos (UNRWA) de atuação em Israel e nos territórios palestinos ocupados.
“Seria um desastre”, acrescentou Guterres, sublinhando que esse boicote representaria uma “catástrofe”, sufocaria os esforços para aliviar o sofrimento humano e as tensões em Gaza e na Cisjordânia.
“Sejamos claros, em termos práticos, esta legislação irá provavelmente desferir um golpe devastador na resposta humanitária internacional em Gaza”, disse o secretário-geral, falando à imprensa credenciada na sede das Nações Unidas em Nova York, nesta terça-feira (8). Ele informou ter enviado uma carta direta ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para expressar sua profunda preocupação a lei sabotando a ação da UNRWA.
Ele destacou que “sem a UNRWA, a entrega de alimentos, abrigo e cuidados de saúde à maioria das pessoas em Gaza cessará”.
LEIS QUE VIOLAM A CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS
Se essa legislação for aprovada, advertiu Guterres, “seria completamente inconsistente com a Carta das Nações Unidas e violaria as obrigações de Israel ao abrigo do direito internacional”.
A comissão de Assuntos Exteriores e Defesa do Parlamento israelense, o Knesset, aprovou no domingo passado dois projetos de lei destinados a pôr fim à atividade da UNRWA em Israel.
Um deles pretende impedir que a organização para os refugiados palestinos preste qualquer serviço ou atividade em Israel e nos territórios por ele ocupados, e o segundo tornará sem efeito o acordo que permite a atividade da agência e eliminaria a imunidade de seus trabalhadores na região.
Antes do conflito, a agência oferecia cuidados médicos e educação para grande parte da população de Gaza.
“De uma perspectiva política, tal legislação constituirá um enorme revés para os esforços de paz sustentáveis e para a solução de dois Estados, levando a mais instabilidade e insegurança”, acrescentou o secretário-geral, frisando que a expulsão dessa agência da ONU “sufocaria os esforços para aliviar o sofrimento humano e as tensões em Gaza” e “seria uma catástrofe em um desastre já sem paliativos”
“Ainda há tempo de parar”, apesar da iminência de uma guerra total no Líbano e de que o conflito na região se aprofunde, disse Guterres, que considera este pequeno território “o marco zero de um sofrimento humano difícil de imaginar”.
“Cada ataque aéreo, cada lançamento de míssil, cada foguete disparado, afasta ainda mais a paz e agrava o sofrimento dos milhares de civis presos no meio”, advertiu o secretário que recentemente teve decretado o banimento de sua entrada em Israel e ainda foi denominado de “persona non grata” pelos criminosos do regime terrorista israelense.