Após a divulgação de que o Ministério da Saúde enviou ofício à Prefeitura de Manaus obrigando o uso da cloroquina e invermectina no tratamento precoce da Covid-19, secretários estaduais de Saúde “reagiram com espanto” e classificaram o ofício como “esdrúxulo” e “loucura”, conforme matéria publicada na Folha de São Paulo.
A medida também está sendo questionada por deputados federais, que veem a pressão do Ministério como uma forma de desovar as milhões de doses de cloroquina adquiridas pelo Governo Federal através do Exército.
Diante da pressão do Ministério pelo uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus, os secretários afirmam que “enquanto o mundo discute a vacina, o Brasil fala em remédios que não funcionam.”
“Em vez de providenciar agulha, seringa e calendário de vacinação, Pazuello está pressionando a prefeitura de Manaus a distribuir cloroquina e ivermectina na rede pública. Até ronda nos postos de saúde o ministro quer fazer. É a política da morte”, afirmou o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) em seu Twitter.
Freixo e o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) acionaram o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público contra o ministro da Saúde. Alexandre Padilha também entrou com um requerimento pedindo que o Ministério informe quais pedidos foram realizados pela Secretaria de Saúde de Manaus para enfrentamento da pandemia nos últimos seis meses e quem são os profissionais que participaram ou participarão da ronda nas unidades de saúde e qual a qualificação deles.
Para o deputado, “é irresponsável e cínico, enquanto mais de 400 pessoas aguardam leitos em Manaus, o Ministério vir pressionar e constranger para o uso de medicamentos sem evidência científica”.
Segundo Padilha, isso “só revela que o Ministério da Saúde está mais preocupado em desovar os medicamentos sem eficácia comprados com recurso público do que levar vacina e salvar vidas a quem precisa”.
“Acabou oxigênio, nova linhagem e o Ministério da Saúde faz o que? Manda carta para a Secretaria dizendo que vai fiscalizar se estão usando o kit-Covid sem evidência”, afirma o deputado.