Ministério Público do Rio de Janeiro deve apresentar denúncia contra o senador e filho mais velho do presidente na próxima semana
O secretário de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Leonardo Rodrigues, segundo suplente de senador na chapa de Flávio Bolsonaro, é suspeito de receber uma mesada de R$ 150 mil de um dos coordenadores do esquema de corrupção na gestão do governador afastado Wilson Witzel (PSC).
Leonardo Rodrigues se aproximou do filho do presidente Jair Bolsonaro por meio do deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ), vice na chapa de Flávio à Prefeitura do Rio em 2016.
A informação sobre os pagamentos feitos ao secretário chegou aos investigadores do MP-RJ por meio do ex-secretário de Saúde Edmar Santos, que se tornou colaborador da Justiça. Um relatório produzido pelo Coaf, órgão de inteligência financeira, apontou indícios que, para investigadores, corroboram a versão de Santos.
O Ministério Público Federal afirma que um relatório do Coaf mostra que Rodrigues depositou R$ 638,4 mil em dinheiro vivo na conta de suas empresas, a Leap Serviços Aeronáuticos e Rodrigues Pinto Comércio de Material Esportivo.
Santos afirmou que Rodrigues intermediou contato com Melo. O empresário buscava ampliar sua influência sobre as contratações na Secretaria da Saúde.
Rodrigues e Flávio estavam afastados politicamente nos últimos meses. O secretário não quis deixar o cargo quando o grupo político do presidente rompeu com Witzel.
Edmar Santos afirmou aos procuradores que Rodrigues lhe disse que recebia uma mesada de R$ 150 mil do empresário José Carlo de Melo. Ele é apontado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) como um lobista que atuava em favor de empresas e distribuía propina a autoridades na gestão de Wilson Witzel.
Leonardo Rodrigues também é próximo do PM aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, atualmente em prisão domiciliar.
Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz são investigados pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) por terem montado um esquema criminoso de desvio e lavagem de dinheiro no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Funcionários fantasmas eram contratados no gabinete. Não trabalhavam e devolviam parte dos salários para o deputado. Fabrício Queiroz operava o esquema e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) detectou que ele movimentou R$ 7 milhões do esquema entre 2014 e 2017.
Sobre este caso, o Ministério Público do Rio de Janeiro deve apresentar denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro na próxima semana. A informação foi publicada pela coluna de Mônica Bergamo.
A denúncia deve ser apresentada ao próprio Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio, onde as investigações passaram a tramitar após a decisão tomada pelo STJ de que ele teria direito a foro privilegiado.
O filho de Jair Bolsonaro tinha como assessor Fabrício Queiroz, que foi preso no dia 18 de junho em Atibaia (SP), onde estava escondido em um imóvel que pertence a Frederick Wassef, então advogado de Flávio – depois ele deixou a defesa do parlamentar.