Jorge Paulo Lemman (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Herrmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim) têm juntos uma fortuna equivalente a R$ 277 bilhões, a mesma quantidade que cerca de metade da população brasileira mais pobre somada.
5% mais ricos detêm a mesma riqueza que 95% dos brasileiros
Segundo estudo da Oxfam, seis pessoas têm juntas uma fortuna equivalente a R$ 277 bilhões, a mesma quantidade que cerca de metade da população brasileira somada
Seis brasileiros têm a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres do país. É o que diz o estudo “A Distância que nos Une – Um Retrato das Desigualdades Brasileiras”, realizado pela Oxfam Brasil e divulgado nesta segunda-feira (25).
De acordo com a ONG, Jorge Paulo Lemman (AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Herrmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Ermirio Pereira de Moraes (Grupo Votorantim), são as pessoas mais ricas do Brasil, e têm, juntos, uma fortuna equivalente a R$ 277 bilhões, a mesma quantidade que cerca de metade da população brasileira somada.
O estudo também mostra que os 5% mais ricos detêm a mesma fatia de renda que 95% da população, que um trabalhador que recebe salário mínimo mensal, levaria quatro anos trabalhando (sem gastar nada) para ganhar o mesmo que o 1% mais rico ganha em um mês, e 19 anos para receber um mês da renda média do 0,1% mais rico.
“O Brasil permanece um dos piores países do mundo em matéria de desigualdade de renda e abriga mais de 16 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza”, destaca o relatório.
Para Katia Maia, diretora da Oxfam Brasil, “precisamos falar sobre nossas desigualdades e os caminhos existentes para reluzi-las. Se no mundo a desigualdade já nos causa espanto, no Brasil essa situação é ainda mais dramática. Esse relatório é a nossa contribuição para o importante debate sobre a redução das distâncias em nossa sociedade”.
Há diversos fatores que contribuem para a desigualdade ser tão grande no Brasil, de acordo com a instituição, entre eles o sistema tributário regressivo “que pesa muito sobre os mais pobres”, o racismo e a diferença de gênero “que promovem violência cotidiana aos direitos básicos de mulheres e negros”, e a concentração do poder em uma classe “altamente propensa à corrupção”.
“Existe uma distância absurda entre a maior parte da população brasileira e o 1% mais rico, não apenas em relação à renda e riqueza, mas também em relação ao acesso a serviços básicos como saúde e educação. Atacar essa questão é responsabilidade de todos. Há inúmeras ideias e propostas circulando, algumas até formam consenso na sociedade. A única coisa que não se pode fazer é ignorar o problema e não fazer nada. Estamos juntos no mesmo barco”, destaca Maia.
A Oxfam calcula que, se continuar no ritmo dos últimos 20 anos, o Brasil ainda levará 35 anos para alcançar o nível de desigualdade atual do Uruguai e 75 anos para chegar ao patamar do Reino Unido.
IMPOSTOS
Sobre a estrutura tributária o estudo também destaca que a população 10% mais rica do Brasil paga uma parcela menor de sua renda em tributos que os 10% mais pobres. A parcela mais pobre da população gasta 32% de sua renda total em tributos, enquanto os mais ricos pagam apenas 21% de sua renda. No que se refere a impostos indiretos (cobrados sobre produtos e serviços), quem tem renda mais baixa também é mais atingido, pagando 28% de tudo o que ganha, enquanto que os mais ricos pagam somente 10%.
Quando se trata de impostos sobre a renda e patrimônio, a estrutura do imposto também beneficia os mais ricos: quem ganha 320 salários mínimos por mês paga a mesma alíquota efetiva de Imposto de Renda do que quem recebe cinco salários mínimos. Isso acontece porque a alíquota do IR para de crescer para quem ganha acima de 40 salários mínimos e os mais ricos também são beneficiados com as isenções sobre lucros de empresas e dividendos de ações.
MULHERES E NEGROS
O estudo também destaca que a renda média do homem brasileiro era de R$ 1.508 em 2015, enquanto a da mulher era de R$ 938, e se for mantido o ritmo em que essa diferença vem caindo nos últimos 20 anos, a Oxfam projeta que só existirá igualdade de salários entre homens e mulheres em 2047.
Quando se trata da desigualdade de salários entre brancos e negros, a diferença é “ainda mais grave”, de acordo com a ONG. Enquanto brancos recebiam, em média, R$ 1.589, em 2015, negros recebiam R$ 898 por mês, ou seja, quase a metade. Projetando para o futuro, mantendo o ritmo, a igualdade entre as rendas só chegará em 2089.