“A inflação desabou, mas nós estamos com a taxa de juros crescendo em termos reais”, declarou o presidente no aniversário de 71 anos do banco de fomento
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloízio Mercadante, afirmou na terça-feira (20), durante a comemoração dos 71 anos do banco de fomento, que o atual nível da taxa de juros do Brasil, em 13,75%, é um obstáculo à função social da instituição e ao crédito em geral, o que resulta na retração do crédito às empresas e no aumento de inadimplência das pessoas físicas e jurídicas.
“A inflação desabou, mas nós estamos com a taxa de juros crescendo em termos reais. Essa taxa de juros é um obstáculo a nossa função social de um banco de desenvolvimento e ao crédito de forma geral”, declarou Mercadante na abertura do evento Nosso Passado, Presente e Futuro, no Rio de Janeiro.
A declaração de Mercadante foi feita na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central que define hoje (21) a taxa básica da economia, a Selic, que está em 13,75% desde agosto do ano passado, mantendo o Brasil campeão mundial de juros reais.
“O ambiente macroeconômico melhorou muito. Parabenizo aqui o [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad, [a ministra do Planejamento, Simone] Tebet e o governo. Esse novo marco de responsabilidade fiscal ajudou a que a taxa de juros no mercado futuro de longo prazo cedesse, o câmbio veio para R$ 4,70 ontem (19), a inflação desabou e o preço dos atacados desacelerando, mas estamos com uma taxa de juros crescendo em termos reais. Enquanto a inflação está caindo, a taxa de juros continua em 13,75%. O país que tem uma das menores inflações tem a maior taxa de juros”, declarou.
Mercadante defendeu que no processo de reconstrução do país, após o desastroso governo de Bolsonaro, é preciso resgatar o papel de um banco público no Brasil. Ele citou como exemplo de investimentos públicos os recursos liberados por instituições semelhantes em países como os Estados Unidos, que liberaram US$ 20 bilhões para uma empresa de microprocessadores, e a Alemanha, onde o financiamento ao hidrogênio verde tem taxa zero de juros.
O presidente do BNDES ressaltou que o Brasil tem a matriz energética mais limpa dos países que compõem o G20 – grupo composto por membros das 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia – e destacou a expertise em etanol para liderar o processo de transformação e energia sustentável. “Nós precisamos abrir os horizontes do debate neste país. Precisamos refletir com um pouco mais de pragmatismo e pé no chão o que é que estamos enfrentando e qual a concorrência que temos”, sinalizou.
“Temos um gigantesco caminho a percorrer para o Brasil contribuir com o enfrentamento da crise climática. Somos o país com maior diversidade do planeta, com a maior reserva de mata estratégica que é a Floresta Amazônica, além dos outros biomas. Essa pauta veio para ficar no BNDES e ficará”, enfatizou.
Na oportunidade, Mercadante defendeu a pesquisa pela Petrobrás na Margem Equatorial, faixa do litoral brasileiro que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte, vetada pelo Ibama, e reafirmou que o BNDES vai discutir essa questão, “como preservar o meio ambiente e o desafio desse segundo pré-sal”. “A Petrobras nunca teve nenhum acidente em relação à prospecção”, afirmou.