“Como a casa era financiada no Brasil desde a década de 1960? O modelo foi ancorado na poupança. Quando a taxa de juros está muito elevada, é desfavorável manter o dinheiro na conta”, afirma Jader Filho
O ministro das Cidades, Jader Filho, alertou que a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 15% pelo Banco Central (BC) pode inviabilizar o financiamento da casa própria para a classe média. Para Jader Filho, se os juros continuarem nesse patamar, “a poupança vai morrer”.
“Como a casa era financiada no Brasil desde a década de 1960? O modelo foi ancorado na poupança. Quando a taxa de juros está muito elevada, é desfavorável manter o dinheiro na conta. E, hoje, qualquer pessoa pode transferir o seu recurso facilmente para algo muito mais rentável”, argumentou Jader Filho, em um jantar com empresários na quarta-feira (29), em São Paulo.
“A poupança está morrendo, não haverá mais “fundings” para financiar a casa própria no Brasil, fundamentalmente para a classe média”, alertou. No mês passado, o governo Lula lançou o novo modelo de crédito imobiliário do país, que reestrutura o uso da poupança para ampliar a oferta de crédito, especialmente para a classe média.
A ação prevê, que após um período de transição, o total dos recursos depositados na caderneta de poupança será referência para uso no setor habitacional, com o fim dos depósitos compulsórios no Banco Central (BC). Pela regra anterior, 65% dos recursos da poupança captados pelos bancos precisavam ser direcionados ao crédito imobiliário; 15% estariam livres para outras operações mais rentáveis e o restante ficava com o BC na forma de depósito compulsório.
O governo avalia que essa mudança permitirá aos bancos acessarem novos “fundings” (captação de recursos) para o setor da habitação e, na medida em que avançarem nisso, poderão usar livremente o dinheiro captado na caderneta de poupança.
A medida também modifica o valor máximo do imóvel financiado no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que passou de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. A estimativa é que, com essa mudança, a Caixa Econômica Federal possa financiar mais 80 mil novas moradias até o ano que vem.
O governo Lula também lançou o programa Reforma Casa Brasil, que oferece crédito facilitado para reformas em moradias de famílias com renda até R$ 9.600. A medida prevê subsídios da ordem de R$ 7,3 bilhões para linha de crédito direcionada às reformas habitacionais.











