“Nós tínhamos uma taxa Selic que era aproximadamente 4 pontos percentuais menor há um ano atrás, o que obviamente se reflete agora na produção”, diz dirigente da Anfavea
A indústria automotiva no recente mês de novembro registrou queda de 11,6% na produção e de 8,5% nas vendas de veículos sobre o mês anterior. Na comparação com novembro do ano passado, as quedas foram de 8,2% e 5,9%, respectivamente. Os dados incluem automóveis de passageiros, comerciais leves, caminhões e ônibus.
As exportações acompanharam a mesma tendência com desaceleração das vendas. Em novembro sobre outubro a queda foi de 12% e sobre novembro/24 foi de 13,8%.
A situação do acumulado entre janeiro e novembro das vendas, assim como das exportações e produção ainda mantém um saldo positivo pelos resultados favoráveis do primeiro semestre, antes da desaceleração que se observa agora.
Dessa maneira, as vendas no acumulado até aqui ainda estão positivas em +1,4%, as exportações em +37,9% e na produção de +4,1% frente a cada um desses itens em 2024.
“Ainda estamos com uma produção acumulada 4,1% mais alta do que nos primeiros onze meses de 2024, mas esse crescimento está muito abaixo do havíamos projetado para 2025, o que vem nos colocando em estado de alerta nos últimos meses”, afirmou Igor Calvet, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
“A nossa projeção, que era de 7,8%, muito provavelmente não vai se realizar diante dos resultados que temos acumulado até o mês de novembro. Temos um ano que a produção vai ser maior do que a do ano passado, mas acompanhado uma queda desse valor mês após mês”, acrescentou o presidente.
A falta de folego que o setor está apresentando está no contexto de desaceleração da economia nacional, especialmente impactada pelas taxas de juros exorbitantes praticadas por conta da taxa básica da economia, a taxa Selic, fixada pelo Banco Central em 15% a.a. que na prática é uma taxa real de juros, em torno de 10% a.a. Essa taxa joga para baixo o investimento e o consumo travando a economia.
Os resultados do PIB nacional expressam essa realidade. No primeiro trimestre ele variou 1,4%. No segundo trimestre veio bem menor, apenas 0,4% e no terceiro trimestre quase chega a zero ou apenas 0,1%.
Calvet também associa a queda da produção às alterações das condições econômicas no último ano. “Em novembro de 2024, nós tínhamos uma taxa Selic de 11,25% [ao ano], hoje temos 15% [ao ano]. Lá em novembro de 2024, nós tínhamos uns juros para a pessoa física de 26%, 26,4%. Agora, temos juros de 27,4%”, recordou ele.
“Nós tínhamos uma taxa Selic que era aproximadamente 4 pontos percentuais menor há um ano atrás, o que obviamente se reflete agora na produção”, reforçou o dirigente.
Calvet disse ainda que “esperamos que dezembro traga um alento às vendas de automóveis e comerciais leves, após o sucesso estrondoso do Salão do Automóvel. Já o segmento de pesados, o mais impactado pelos juros elevados, precisa de um olhar mais atento para que retorne a patamares normais e o setor possa garantir a manutenção de empregos”.
O número de empregados pelos fabricantes de veículos foi de 110,8 mil trabalhadores em novembro.











