Analistas afoitos estão extrapolando que a economia estaria bombando. “Sem aumentar a formação bruta de capital fixo para mais de 20% do PIB, a economia brasileira vai perder fôlego em 2025 e 2026″, observou o professor da UnB.
O economista e professor da UnB José Luis Oreiro afirmou ao HP, nesta sexta-feira (15), que a economia brasileira não está com um nível de investimentos no setor produtivo capaz de garantir um crescimento sustentado da economia do país nos próximos anos.
“Alguns analistas afoitos estão extrapolando o desempenho bom da economia brasileira nos últimos meses sugerindo que agora o Brasil decolou”, advertiu o especialista, numa crítica à narrativa de que as coisas estão indo muito bem na economia. “Já vimos esse filme antes (2011). Foi voo de galinha”, destacou Oreiro.
É certo que, neste caso, há os afoitos que alardeiam uma realidade cor-de-rosa, mas há também os oportunistas neoliberais que usam isso para alegar “excessos” e pressionar o governo para fazer cortes nos investimentos e em programas sociais.
“Sem aumentar a formação bruta de capital fixo para mais de 20% do PIB, sem aumentar a participação dos manufaturados nas exportações brasileiras e sem fazer com que a produção industrial cresça na frente do PIB, a atual boa performance da economia brasileira vai perder fôlego em 2025 e 2026″, observou o professor da UnB.
A taxa de investimento do Brasil está em 16,8% do PIB, segundo dados do segundo trimestre deste ano, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na avaliação de diversos economistas, esta taxa de investimento está muito baixa e mal dá para repor o desgaste dos equipamentos produtivos, além de não garantir um crescimento econômico sustentável.
“O governo Lula precisa se livrar dos puxa-sacos e convocar gente séria para traçar a política macroeconômica dos próximos dois anos, do contrário corre o risco de perder para a extrema direita em 2026”, alertou José Luis Oreiro, economista que integrou a equipe de transição do governo Lula.