Em abril, apenas 30% das empresas estavam funcionando normalmente. Outras 36% estavam com operações totalmente paradas ou com grande parte paralisada, segundo pesquisa do Simpi. A pesquisa revelou também que 40% das micro e pequenas indústrias tiveram algum fornecedor que faliu e 40% das empresas têm clientes inadimplentes
A segunda e mais aguda fase da pandemia do coronavírus no Brasil fez com que a situação de pequenas e micro indústrias, já dramática, piorasse ainda mais.
Pesquisa encomendada mensalmente pelo Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo (Simpi) ao Datafolha, mostra que mais da metade (52%) das empresas relataram que, na última quinzena de abril, o volume de vendas estava pior que na comparação com o ano passado. Segundo o Simpi, 42% das MPIs de todo Brasil estão no estado de São Paulo.
No contexto do aumento de casos e mortes por Covid-19 no início deste ano, as empresas em dificuldades também ficaram sem ajuda do governo, que interrompeu as medidas de emergência no final de 2020 como se a pandemia tivesse acabado.
Em abril, apenas 30% das empresas estavam funcionando normalmente. Outras 36% estavam com operações totalmente paradas ou com grande parte paralisada. A pesquisa revelou também que 40% das micro e pequenas indústrias tiveram algum fornecedor que faliu e 40% das empresas têm clientes inadimplentes.
Para o presidente do Simpi, Joseph Couri, a cada dia que o Brasil passa sem imunização e sem estabelecer um programa efetivo de auxílio às empresas, especialmente às micro e pequenas, o cenário fica ainda mais caótico. “A perda do poder de compra do consumidor, a diminuição do consumo e o aumento dos preços são as consequências de medidas preventivas que não tomamos no passado para aquecer e preservar o mercado interno. Quantas empresas estavam preparadas para um ano de pandemia, lockdown e falta de crédito? Estamos desde o início da pandemia assistindo à quebra da cadeia produtiva e até o momento pouco foi feito para reverter a situação”, afirma.
“A perda do poder de compra do consumidor, a diminuição do consumo e o aumento dos preços são as consequências de medidas preventivas que não tomamos no passado para aquecer e preservar o mercado interno. Quantas empresas estavam preparadas para um ano de pandemia, lockdown e falta de crédito? Estamos desde o início da pandemia assistindo à quebra da cadeia produtiva e até o momento pouco foi feito para reverter a situação”, diz Joseph Couri, presidente do Simpi
A pesquisa do Simpi-Datafolha revela que o principal problema de micro e pequenas indústrias em abril se concentrou nos custos de produção. Os empresários não conseguem repassar essa diferença nas vendas, já que o consumo está reduzido, com o desemprego recorde e queda na renda da população. Duas em cada três micro e pequenas indústrias (66%) tiveram alta significativa de custos de produção, sendo os mais altos os custos com matéria prima e insumos (61%) e transporte e logística (3%).
Assistindo à queda na demanda e alta de preços de insumos, as pequeno e micro indústrias continuam sem acesso ao crédito. De acordo com a pesquisa, das empresas que tentaram empréstimo ou financiamento, apenas 19% conseguiram o recurso e 81% tiveram o pedido negado ou sequer receberam resposta.
A reedição do programa de redução de jornada e salários não tem impacto significativo sobre a situação das micro e pequenas indústrias, conclui a pesquisa. Para a maioria (63%) das empresas consultadas, o programa “não traz benefícios aos negócios”.
“Temos problemas novos, que não podemos resolver com soluções antigas. Precisamos espelhar a série de ações que as outras nações estão fazendo para sair da crise e fortalecer a economia interna com sucesso”, diz Couri.