Decisão mostra fraqueza da campanha. Objetivo é colocar Walter Delgatti, que está em prisão domiciliar, para ser uma espécie de garoto propaganda contra as urnas eletrônicas
O isolamento político e o medo das urnas levou Bolsonaro a fazer um contato com o pseudo hacker Walter Delgatti, que está em prisão domiciliar por invadir os endereços do Telegram de autoridades no episódio que ficou conhecido como “vaza jato”. O objetivo da campanha bolsonarista é envolver o elemento na campanha de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas.
Delgatti entraria na equipe paga pelo PL para fazer uma apuração paralela dos votos, com o objetivo de tumultuar a apuração oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Também é intenção da equipe de marketing de Bolsonaro colocar Delgatti no teste de estresse do sistema (o teste que será feito pelas FfAa). Ou seja, o que eles conseguiram para seus planos macabros foi um elemento em prisão domiciliar para agir na apuração paralela. O hacker se aproximou dizendo estar precisando de dinheiro e mostrando-se disposto a fazer o que fosse preciso desde que fosse bem remunerado.
A revista Veja publicou uma reportagem em que o advogado de Delgatti afirma que a equipe de campanha pela reeleição do atual ocupante do Palácio do Planalto tentou se aproveitar da fragilidade financeira de Delgatti para manipulá-lo e convencê-lo a ser uma espécie de “garoto-propaganda” para trabalhar na equipe de marketing da campanha. A iniciativa mostra bem a falta de apoio à campanha de Bolsonaro.
Bolsonaro decidiu colocá-lo como o ‘herói’ que, com sua ação repôs Lula no caminho de volta à Presidência. Analistas avaliam que está se cometendo um erro crasso de campanha. Por orientação de Carla Zambelli, o marketing de Bolsonaro irá legitimar o hacker, tirando o discurso de Bolsonaro de contestar Lula”, afirmou o jornalista Luís Costa Pinto.
Há a hipótese, todavia, que Delgatti poderia, em troca de dinheiro, fazer declarações com potencial de criar embaraços para Lula e para o PT. Diria por publicamente, por exemplo, que foi bancado pelo partido de Lula ou por aliados para viabilizar a vaza jato. Criaria uma confusão monumental. Carla Zambelli (PL-SP) divulgou através de suas redes sociais, na quarta-feira (10), uma foto em que aparece sorridente ao lado do “hacker de Araraquara”.
O encontro foi no último dia 10 de agosto e Bolsonaro queria saber a opinião dele sobre a segurança das urnas eletrônicas. A tentativa de cooptação do criminoso levou o advogado Ariovaldo Moreira, que defende Delgatti, a abandonar o caso. Além de Bolsonaro, Delgati esteve com Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL e com Carla Zambelli (PL-SP), que o teria levado até Bolsonaro.
Zambeli nega o encontro de Delagatti com Bolsonaro, mas confirma que esteve com ele”. A revista Veja publicou fotos que comprovam o encontro do criminoso com Bolsonaro. Walter Delgatti foi preso em julho de 2019, durante a Operação Spoofing, que desarticulou uma “organização criminosa que praticava crimes cibernéticos”, segundo a Polícia Federal. Bolsonaro teria ficado bastante irritado com o vazamento do encontro e já deve estar preparando um sigilo de 100 anos para o episódio.
À época da vaza jato, Walter Delgatti Neto, admitiu à PF que entrou nas contas de procuradores da Lava Jato e confirmou que repassou mensagens ao site The Intercept Brasil. Ele disse não ter alterado o conteúdo e não ter recebido dinheiro por isso. Parte das mensagens foi publicada no site, a partir de junho de 2019. O juiz federal Vallisney de Oliveira, que autorizou as prisões, viu indícios de que os hackers se uniram para invasão das contas do Telegram.