O governo federal dos Estados Unidos fechou parcialmente suas atividades no primeiro segundo deste sábado, logo após os líderes da Câmara de Representantes (que é como os norte-americanos chamam os deputados federais) e do Senado não chegarem a um acordo para aprovar o orçamento federal de 2019 que, por exigência de Trump, deveria incluir mais de 5 bilhões de dólares para a construção de um muro na fronteira com o México.
“Não há nada que possamos fazer, necessitamos que os democratas nos deem seus votos”, disse o presidente, acrescentando que espera que não demore muito essa situação.
Para evitar o fechamento, que tinha como prazo a meia-noite da sexta-feira, 21, era necessário que ambas câmaras do Congresso e a Casa Branca chegassem a um acordo. Porém, apesar das pressões, não houve consenso sobre o muro. A Câmara aprovou na quinta-feira passada, com 217 votos a favor, o projeto de lei, mas no Senado argumentaram que não encontraram as medidas econômicas para resolver as demandas milionárias de Trump para a obra do muro.
Trump vê nesta votação sua última oportunidade para obter os fundos para sua tentativa de vedar a fronteira, já que em janeiro os democratas assumirão o controle da Câmara dos Representantes e poderão bloquear o financiamento de um dos principais assuntos de sua administração: a luta contra a chamada imigração ilegal.
No meio do ano, o governo separou milhares de famílias na fronteira por conta de sua política de ‘tolerância zero’. Há dois meses sua política migratória voltou a ocupar a mídia na chegada da caravana de centro-americanos. Milhares de migrantes deixaram seus países de origem com a ilusão frustrada de encontrar asilo nos Estados Unidos. A chegada da caravana coincidiu com as eleições de meio termo e Trump acirrou sua retórica antiimigrante.
Embora quase 75% dos departamentos federais aprovaram orçamentos para vários meses e não serão afetados, há outras dependências que sim já sofrem as consequências. Entre elas estão os departamentos de Seguridade Interior (DHS), de Estado, de Justiça, de Agricultura e de Transporte, além de outras agências do governo federal. Com o fechamento do governo, prevê-se que centenas de milhares de pessoas fiquem licenciadas e sem receber seu salário, incluindo 95% dos funcionários da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (NASA) e o Ministério de Moradia, além de 52.000 empregados de serviços fiscais. O Partido Democrata avaliou que cerca de 420.000 funcionários públicos, cujos serviços são considerados essenciais, deverão trabalhar sem receber de imediato: 150.000 empregados da secretaria de Segurança Nacional, da qual dependem a polícia de fronteiras e o transporte, e mais de 40.000 agentes do FBI, a agência antidrogas DEA e a administração penitenciária.
Nesse contexto, a Corte Suprema dos Estados Unidos tomou uma decisão que contraria a política de Trump ao bloquear um regulamento que buscava proibir os pedidos de asilo de migrantes que tivessem ingressado ilegalmente ao país.
Com uma votação de 5 a 4, o presidente da corte, John Roberts, sustentou a decisão da Corte Federal de Apelações de San Francisco contra a ordem executiva de Trump que buscava rechaçar automaticamente as solicitações de asilo dos migrantes que atravessam irregularmente a fronteira dos Estados Unidos desde o México por pontos não autorizados.