O ex-presidente Jair Bolsonaro chorou ao comentar com a imprensa sobre sua proibição de ir aos Estados Unidos para acompanhar a posse de Donald Trump e falou sobre o medo de ter que usar tornozeleira eletrônica.
Bolsonaro disse esperar que Donald Trump “colabore” com a reversão de sua inelegibilidade, causada por condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por crimes eleitorais. Ou seja, o traíra apela por uma intervenção estrangeira nos assuntos internos do Brasil.
Subalterno aos Estados Unidos e ao seu guru maior, acredita mesmo na possibilidade de Trump interferir nos assuntos internos brasileiros para mudar decisão da Justiça que o tornou inelegível por crimes eleitorais aqui praticados, além de outros graves que estão em fase de investigação, como na tentativa de golpe de Estado, no qual já se encontra indiciado.
Durante sua gestão medíocre e trágica, não poupou gestos de subordinação aos EUA, desde uma continência à bandeira americana até a rendição aos interesses econômicos da nação do norte, escalando Paulo Guedes, um notório na alienação de nosso patrimônio público, para comandar a economia nacional.
Ele levou a esposa, Michelle Bolsonaro, ao Aeroporto Internacional de Brasília, onde ela embarcou para os Estados Unidos. Bolsonaro está com o passaporte retido pela Justiça e foi proibido de ir aos Estados Unidos por conta do risco de fugir das investigações.
“Estou chateado, estou abalado ainda, né”, disse Bolsonaro chorando pateticamente.
“Eu sou preso político, apesar de estar sem tornozeleira eletrônica. Espero que a sua Excelência não queira colocar em mim, para humilhar de vez, uma tornozeleira eletrônica. Estou sim constrangido. Queria estar acompanhando minha esposa”, continuou reclamando.
Antes de decidir sobre a proibição, o Supremo Tribunal Federal (STF) ouviu a Procuradoria-Geral da República (PGR), que também foi contrária à liberação.
Para ver Trump, Bolsonaro até falsificou um “convite”. O ministro Alexandre de Moraes cobrou que ele apresentasse um convite oficial da posse do norte-americano. O que o ex-presidente não fez.
Jair Bolsonaro disse ao The New York Times, antes de saber que foi barrado pelo STF, que estava “se sentindo criança de novo com o convite de Trump. Estou animado. Não vou nem tomar mais Viagra”.
Agora barrado, falou que o próximo presidente dos EUA “tem a certeza que pode colaborar com a democracia do Brasil afastando inelegibilidades políticas, como essas duas minhas que eu tive”, esquecendo-se do papelão que Trump teve na tentativa de rasgar a Constituição americana quando insuflou sua turba para invadir o Capitólio para não aceitar a derrota que sofrera nas eleições daquele ano para Joe Biden, incidente reproduzido no Brasil por golpistas, açulados por Bolsonaro, no fatídico 8 de janeiro de 2023, também não por não aceitarem a derrota para Lula nas urnas eletrônicas.
Esse é o presidente dos EUA que, segundo Bolsonaro, vai “colaborar com a democracia no Brasil”, a mesma que ele sempre atacou, desde os tempos em que idolatrava a ditadura no País e os torturadores.
“Só a presença dele, o que ele quer, só ações. Não vai admitir certas pessoas pelo mundo perseguindo opositores, o que chama de lawfare, que ele sofreu lá. Grande semelhança entre ele e eu”, alegou.
Jair Bolsonaro foi tornado inelegível por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em reunião com embaixadores estrangeiros, em julho de 2022, quando mentiu sobre o processo eleitoral brasileiro e usou ilegalmente o aparato público para fazer campanha eleitoral. Além de caluniar a Justiça brasileira.
Na avaliação do TSE, os ataques contra as urnas eletrônicas era parte da estratégia eleitoral de Bolsonaro. A reunião com os embaixadores estrangeiros foi transmitida nos meios de comunicação oficiais da Presidência.
O ex-presidente também foi indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
O inquérito sobre o planejamento do golpe de Estado encontrou provas de que Jair Bolsonaro tentou instalar uma ditadura no país, não tendo sucesso porque não obteve apoio das Forças Armadas.
Não é a primeira vez que a Justiça brasileira nega a liberação do documento a Bolsonaro. A mesma decisão ocorreu em outras 4 vezes. Em março de 2024, ele solicitou a devolução do documento, afirmando ter sido convidado pelo ditador israelense Benjamin Netanyahu para visitar o país em maio, quando o pedido foi negado.
A defesa de Bolsonaro voltou a pedir o passaporte de volta, por meio de recurso, no mês seguinte. Em outubro, a Primeira Turma do STF manteve, por unanimidade, a retenção do documento, portanto, uma decisão colegiada.