Márcio de Lima Leite, presidente da entidade, espera a redução dos juros para a retomada da produção e vendas do setor. “A inflação caiu, então com isso, os juros reais estão mais caros. Com a inflação caindo e mantendo a taxa de juros, a diferença aumenta”, destacou
De janeiro até a última semana deste mês, o Brasil soma 15 paralisações de fábricas de veículos por falta de demanda, disse o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, em entrevista ao Canal Livre da BandNews, no domingo (18). Para Lima Leite, os juros altos são um entrave para as vendas. “A inflação caiu, então com isso, os juros reais estão mais caros”.
“Nós não estamos na metade do ano, 14 fábricas pararam as suas produções por demanda. De Janeiro a maio deste ano nós tivemos 14 paralisações por falta de demanda. Agora nós temos mais uma montadora parada, essa semana, então, nós estamos com 15 paralisações. Há uma expectativa de mais três fábricas pararem porque os estoques estão altos”, disse o presidente da Anfavea.
“Embora essa medida do governo, que tem sido uma medida muito boa no sentido de acelerar, de trazer o consumidor novamente com esse desejo do carro zero, isso tudo muito positivo, e a indústria comemora, mas nós temos um estoque hoje de mais de 250 mil. Esse estoque com uma produção acelerada ele acaba não sendo suficiente para esgotar o estoque e fazer com que o mercado dê uma fluidez entre demanda e produção”, explicou Lima Leite.
O dirigente da Anfavea falou sobre os altos preços dos carros do Brasil, mais elevados do que os praticados nos países de origem das montadoras, e tentou justificar este fato colocando a culpa no próprio consumidor. Segundo ele, os brasileiros exigem carros de ponta, por isso, mais caros. Mas a tese não colou. O preço mais alto no Brasil é resultado da ação de um cartel do setor no país. Mas, como ele mesmo demonstrou, essa situação é agravada ainda mais pelas altas taxas de juros vigentes.
“Há dois anos nós tínhamos uma taxa de juros de 2%. Você fazer um financiamento de um automóvel em 60 meses, você tinha prestações que cabe no bolso. Hoje o que acontece? Você tem 30% ao ano para o consumidor. Então ele vai financiar um veículo em 3 anos, numa conta simples, nós podemos colocar aí de 70% a 90% de taxa de juros. Ele vai pagar o dobro do preço do carro”, exemplificou.
Lima Leite disse que o setor trabalha com a expectativa de redução da taxa básica de juros (Selic), em 13,75% desde agosto de 2022, para a retomada da produção e vendas do setor. “A taxa de juros a longo prazo vem caindo, tivemos uma queda recente. A inflação caiu, então com isso, os juros reais estão mais caros. Com a inflação caindo e mantendo a taxa de juros, a diferença aumenta”, lembrou.