Quedas foram registradas nas vendas de móveis e eletrodomésticos, artigos pessoais, vestuário, calçados, livros e papelaria e material de construção. Vendas no comércio varejista ampliado foi ainda maior: -1,3%
Com os juros altos, restrição ao crédito e a inadimplência atingindo milhares de famílias brasileiras, as vendas do comércio varejista continuam patinando. Em agosto, o volume de vendas no comércio restrito recuou -0,2% em relação a julho, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta quarta-feira (18).
Na modalidade ampliada, que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, a queda nas vendas foi de -1,3%. Com o resultado de agosto, o comércio brasileiro opera -2,6% abaixo do pico alcançado em outubro de 2020.
Durante todo o ano de 2023, o comércio varejista oscilou em torno de zero. Depois de alcançar 4,0% em janeiro, após queda de -0,3% em dezembro de 2022, em fevereiro ficou estagnado em 0,0%; em março variou +0,7%; em abril voltou a estaca zero (0,0%); em maio ficou negativo em -0,6%; em junho variou +0,1%; em julho variou +0,7% e voltou a cair em agosto (-0,2%).
Nos segmentos em que mais se usa o crédito, logo, sujeitos às altas taxa de juros, como as vendas de artigos de uso pessoal e doméstico, a queda foi de -4,8%, as de Móveis e eletrodomésticos caíram -2,2%, as de Tecidos, vestuário e calçados recuaram -0,4%. As vendas de Livros, jornais, revistas e papelaria também sucumbiram em -3,2%.
Muitas dessas compras, a maioria delas, são feitas parceladas no cartão de crédito, que o presidente do Banco Central, Campos Neto, quer restringir acabando com o parcelamento sem juros.
Na comparação com julho, em agosto, as vendas de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (0,2%), e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,1%) praticamente não cresceram.
Já as vendas de Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,9%), Combustíveis e lubrificantes (0,9%), conseguiram evitar que o resultado das vendas do varejo alcançasse um resultado pior em agosto. Segmentos que foram beneficiados pela queda da inflação nos preços dos alimentos e dos combustíveis nas refinarias da Petrobrás.
No comércio varejista ampliado (-1,3%), as vendas de Material de construção recuaram -0,1% e as de Veículos e motos, partes e peças cresceu 3,3% em agosto frente a julho.
Neste ano, o comércio varejista, assim como a indústria e os serviços (alta de 0,4% e recuo de 0,9% em agosto, respectivamente), segue em dificuldade para avançar em suas atividades, diante da política contracionista do Banco Central (BC), que além de restringir o crédito por meio da elevada taxa básica de juros (Selic), também está inibindo o consumo de bens e serviços e agravando a as dívidas das famílias e das empresas no país.
Entre agosto de 2022 a agosto de 2023, a Selic ficou fixada em 13,75% ao ano. Agora, após os dois cortes de 0,5 ponto percentual, entre o início de agosto até o final de setembro, a Selic se encontra hoje em 12,75%. Com a queda a conta-gotas e a inflação caindo, o BC mantém o Brasil campeão mundial de juro real asfixiando o setor produtivo, os investimentos e o consumo das famílias.