“A atividade industrial reflete os efeitos do forte aperto monetário e das condições financeiras desfavoráveis”, destaca a Fiesp em nota sobre o resultado de fevereiro
Com a demanda restringida pelos juros altos, a produção industrial nacional deu mais um passo para trás em fevereiro, ao recuar -0,2% frente a janeiro, obtendo o terceiro mês consecutivo de resultado negativo, acumulando nesse período uma queda de 0,6%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (19).
Na comparação anual, a produção industrial recuou 2,4%. No acumulado do ano, o tombo foi de -1,1% , e de -0,2% no resultado dos 12 meses até fevereiro.
Sendo a maior vítima da política de juros altos – que estabelece a derrubada da demanda de bens e serviços e dos investimentos no país, além do aumento do endividamento das empresas e das famílias -, hoje a indústria nacional está 2,6% abaixo do nível que desempenhava antes da pandemia de Covid-19 (de fevereiro de 2020), e 19% abaixo do patamar recorde da série, alcançado em maio de 2011.
“A atividade industrial reflete os efeitos do forte aperto monetário e das condições financeiras desfavoráveis”, destacou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em nota.
“Chama atenção o espraiamento do processo de desaceleração setorial, sobretudo em setores mais sensíveis ao crédito. Nesse cenário, a Fiesp projeta queda de 0,5% da atividade industrial em 2023. O quadro de fraco dinamismo da atividade industrial pode ser amenizado com uma redução forte da taxa de juros, recuperação dos canais e condições de crédito, assim como a continuidade da descompressão nas cadeias de fornecimento”, defende a entidade.
Em fevereiro, duas das quatro grandes categorias econômicas do setor industrial registraram quedas em suas atividades, com destaque, para a produção de bens duráveis que caiu -1,4% na passagem de janeiro para fevereiro: Bens de Capital (+0,1); Bens Intermediários (+0,5); Bens de Consumo (-0,3) – Duráveis (-1,4%) e Semiduráveis e não Duráveis (-0,1).
Dos 25 ramos pesquisados, nove mostraram recuo na produção em fevereiro. Destaques para a produção de produtos alimentícios (-1,1%), sendo o segundo recuo consecutivo e acumulando perda de 3,8%; produtos químicos (-1,8%) – intensificando as quedas verificadas em dezembro de 2022 (-0,7%) e em janeiro de 2023 (-1,5%); e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-4,5%) – acumulando perda de 16,9% em 2023.
Na análise anual, a produção de Bens de Capital caiu -12,4% – sexta taxa negativa consecutiva nessa comparação – e a de Bens Intermediários recuou -2,8 – intensificando as perdas de janeiro de 2023 (-1,7%) e de dezembro de 2022 (-0,2%). A de Bens de Consumo ficou próximo de zero (alta 0,5%), com a variação de alta de 2,1% na produção de Duráveis e de 0,2% dos Semiduráveis e não Duráveis.
Em Bens de Capital, o recuo foi puxado pelos agrupamentos de bens de capital para fins industriais (-17,2%), equipamentos de transporte (-11,1%), bens de capital para energia elétrica (-20,5%), de uso misto (-12,2%) e agrícolas (-11,9%).
Já de bens intermediários, as influências negativas vieram de produtos químicos (-10,5%), produtos de minerais não metálicos (-11,3%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-9,6%), metalurgia (-4,8%), produtos alimentícios (-3,7%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,8%), máquinas e equipamentos (-8,2%), produtos de metal (-3,9%) e produtos têxteis (-1,1%).