Juros elevados e carestia comprometem o orçamento das famílias. 23,6% do total das dívidas são com água, luz e gás. Resultado de junho é o maior patamar desde 2016, segunda a Serasa
Mais 200 mil brasileiros deixaram de pagar as contas em dia em junho, segundo pesquisa mensal de inadimplência realizada pela Serasa Experian, divulgada nesta terça-feira (04). Com o acréscimo, é um novo recorde no Brasil: são 66,8 milhões, a maior cifra desde o início do levantamento, em 2016.
“O principal fator que tem provocado o aumento da inadimplência é essa inflação que continua rondando os 10% – que vai ainda pressionar o poder de compra ou afetando negativamente o poder de compra dos brasileiros durante o segundo semestre”, afirma Luiz Rabi, economista-chefe do Serasa.
Em maio, o número de novos inadimplentes já havia surpreendido. Sob os efeitos da inflação consistentemente descontrolada, do desemprego elevado e queda nas rendas, além dos juros altos, 400 mil pessoas atrasaram o pagamento das dívidas. Um ano atrás, em junho de 2021, eram 62,5 milhões de pessoas inadimplentes – o que significa que mais 4,3 milhões tiveram dificuldade de pagar as contas.
Os bancos, com passe livre para cobrar taxas de juros dignas de agiotagem, continuam sendo os maiores credores das dívidas não pagas. Em junho, 27,8% da soma de dívidas atrasadas era com o sistema bancário, o que inclui o cartão de crédito cuja taxa de juros – acompanhando a taxa básica de juros estipulada pelo governo – acima dos 350% ao ano.
O dado mais chocante, contudo, é o crescimento do número de brasileiros que deixaram de pagar contas básicas, como água, luz e gás. De acordo com a pesquisa, 22,6% das contas atrasadas se referiam aos serviços básicos – o que significa que uma grande parcela de brasileiros está ou corre perigo de ficarem sem fornecimento de luz, água ou gás em casa.
Segundo a Serasa, o número de brasileiros inadimplentes em junho, apesar do recorde, poderia ser ainda maior não fossem medidas extraordinárias como a antecipação do 13º salário dos aposentados e saque emergencial do FGTS, Medidas implementadas com o dinheiro do trabalhador pelo desgoverno Bolsonaro, que mantém a economia estagnada com altas taxas de desemprego e a renda arrochada, a carestia solapando o orçamento das famílias e sem qualquer política para o desenvolvimento econômico e social do país.
O resultado é o aumento do trabalho precário com 39,3 milhões de brasileiros sem carteira, sem direitos e salários baixos, com os preços da comida disparando. A fome explodiu atingindo 33 milhões de pessoas.
Com os juros atingidos os maiores patamares desde 2016, o consumidor que está usando o cartão de crédito para pagar contas básicas, cada vez se enrola mais no rotativo.
De acordo com o depoimento de Sara, funcionária pública em São Paulo, seu carnê de uma grande loja ofereceu o seguinte parcelamento na sua fatura do no valor de R$ 1,510,56 com vencimento em agosto: “Veja como é fácil!”, diz a loja, que tem o cartão administrado por um dos maiores bancos privados do pais, 1ª parcela de R$ 10,50 +30 vezes fixa de R$ 210,11. O total desembolsado será de R$ 6.315,97!