
O bloco social e sindical, Mesa da Unidade Social, esteve na sede do governo, a Casa da Moeda para se reunir com o ministro do Interior, Gonzalo Blumei após 41 dias das mais amplas mobilizações desde a retomada da democracia chilena.
Depois do encontro, os dirigentes do movimento chileno afirmaram que houve alguns pequenos avanços mas deixaram claro que “Não haverá paz sem justiça social”.
Entre os presentes chegaram no início da manhã os dirigentes da União Nacional de Funcionários Fiscais, José Pérez, Colegiado de Professores, Mario Aguilar, da Central Única de Trabalhadores, Bárbara Figueroa e Luis Mesina, da Coordenadoria de Trabalhadores No+AFP (Não mais Administradoras de Fundos de Pensão privados que extorquem o dinheiro dos aposentados), entre outros dirigentes.
O encontro – que os dirigentes sociais e sindicais classificaram como ‘duro’ – durou mais de duas horas. Desde os primeiros momentos, Mario Aguilar, destacou: “Estamos aqui para trazer as demandas dos setores que representamos e deixamos claro que não vamos negociar em detrimento das pessoas”.
“As palavras negociação, assim como transação, estão desacreditadas. Em nossa vinda aqui, trazendo as demandas do mundo social, esperamos por respostas e gestos concretos”, declarou o dirigente.
Aguilar compareceu ao debate com uma gaze em um dos olhos para lembrar da barbárie exposta pela polícia chilena (os carabineiros) ao atirar covardemente nos olhos dos manifestares tirando a visão de mais de 200.
A líder sindical, Bárbara Figueroa, afirmou, à saída do encontro, que, em “um sinal concreto”, o representante do governo acordo em que a discussão dos projetos que não correspondem ao conjunto de demandas apresentadas será suspensa
O líder dos aposentados, Luis Mesina afirmou que o ministro se colocou disposto a propor mudanças no sistema que tem deixado grande parte dos aposentados com um terço do salário mínimo. Aguilar advertiu, no entanto, que “não bastam as palavras, e como primeira medida, é fundamental deter a agenda que o Congresso quer levar adiante”.
Semana de mobilizações e negociações é coroada com multidão no centro de Santiago
A praça Itália, agora rebatizada pelo movimento popular de Praça da Dignidade, ficou lotada de manifestantes na sexta-feira, mostrando que a mobilização por mudanças está longe de arrefecer.
A concentração, convocada pelas entidades sindicais e sociais e reforçada nas redes sociais, foi crescendo com a chegada de manifestantes a partir da 17:00.
A manifestação culminou uma semana de grandes movimentações das forças que se enfrentam no Chile de hoje. Se houve, por um lado, o encontro entre dirigentes populares e governo, de quinta-feira, por outro, o Senado aprovou por 22 votos a favor, 11 contra e 1 abstenção o projeto que amplia o espaço para a repressão.
Já a Câmara dos Deputados aprovou uma Acusação Constitucional contra o ex-ministro do Interior, Andrés Chaldwick, por sua responsabilidade na generalizada violação dos direitos humanos durante as mobilizações. Se a acusação for aprovada no Senado, além do processo, ele ficará inabilitado a cargos públicos por cinco anos.
No mesmo dia de quinta-feira, o Conselho de Defesa do Estado apresentou denúncia contra os carabineiros do 51º Comissariado por tortura e abusos sexuais. Piñera deu uma semana de prazo para que o diretor geral dos Carabineiros, Mario Rozas, dê “explicações”.