A Confederação Brasileira dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Cobap) conclamou a sociedade a “não dar trégua em Brasília” nessa reta final pela derrubada do projeto de assalto à Previdência. “Mais de 90% da população é contra. O deputado que trair a vontade do povo será ‘crucificado’ nas urnas em outubro de 2018. Nunca mais irá se eleger, mesmo se gastar os milhões prometidos por Temer”, ressaltou Warley Martins, presidente da entidade.
Warley condenou as negociatas do governo para passar a reforma da Previdência a qualquer custo, ressaltando que trata-se de uma comprovação de que não há garantia de voto suficiente dos deputados. “É a vitória do povo que se aproxima”, comenta o dirigente.
Segundo Warley, a declaração de Temer, de que no dia 19 de fevereiro deve ser iniciada a votação da PEC 287, que institui a reforma da Previdência, é mentirosa: “Seus próprios aliados o contradizem a todo o momento”, argumenta. “O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que nem por um milagre a PEC 287 será votada na próxima semana. Foi além, afirmou que, se a reforma não sair em fevereiro, tem grande chance de ser engavetada (…). Fábio Ramalho, vice da Câmara e correligionário de Temer, estima que o governo teria somente 220 votos a favor da reforma, sendo 308 o necessário”.
Não é apenas a falta de apoio que preocupa o Planalto, mas a completa rejeição da medida e das formas utilizadas para tentar “convencer” os deputados. A população não se engana e sabe que não pode ser justo um sistema em que a aposentadoria se torna impossível, inalcançável. Contra essa medida as centrais sindicais CGTB e Conlutas e movimentos dos servidores públicos estão organizando uma Greve Geral para o dia 19. “Falta pouco para obtermos essa vitória, não podemos vacilar na reta final e nem baixar a guarda. É o momento do tudo ou nada. Pra cima deles”, conclama Warley.
O líder dos aposentados condenou a campanha mentirosa do governo, ressaltando que todas as negociatas e acordões são feitos na base da mentira e da compra de votos. Os aliados de Temer no governo se apressaram em desmentir o líder da Câmara, ou pelo menos relativizar a declaração, embora a veracidade dela seja óbvia: sem o compromisso de voto de pelo menos 308 deputados, o governo não irá colocar a pauta em votação e, no ano das eleições, votar um ataque tão desmedido aos direitos dos trabalhadores seria um suicídio eleitoral aos parlamentares.
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marum, tentou desconversar a declaração de Maia, mas ele também revelou que não há acordo. “É um processo de conquista de votos. O momento hoje é muito melhor do que tínhamos em dezembro. Não temos o número de votos suficientes, mas vamos ter até o dia 19 de fevereiro”, disse. Por isso Warley aponta que, “apesar do governo ser impopular, não podemos subestimar. É necessário que cada cidadão faça a sua parte”.
A Cobap participou ativamente da CPI da Previdência realizada no Senado Federal durante o ano passado e vem condenando a falta de divulgação dos resultados obtidos. A CPI comprovou que não existe necessidade da reforma, e que quaisquer déficit que o governo apresenta foram fabricados por ele mesmo: mecanismos como a DRU (Desvinculação das Receitas da União) desviam uma enorme parte do orçamento, que pela constituição eram destinadas à Seguridade Social, sem contar as dívidas milionárias feitas pelas grandes empresas – em especial as corruptas, como a JBS, líder no ranking de dívidas com a Previdência – e que, ao invés de serem cobradas, têm suas dívidas parceladas a perder de vista, através de mecanismos como o Refis, criado pelo governo para perdoar impostos ou reduzir juros de devedores.
Warley também condenou a recente tentativa de Temer de buscar apoio de figurões como Silvio Santos e pastores evangélicos, para que a rejeição à medida diminua na sociedade. “Temer está tentando ‘convencer’ os deputados e gastando horrores com propagandas enganosas. Depois de tentar comprar o apoio dos evangélicos, logo estará fazendo macumba ou promessa para tudo que é santo. Tudo isso em vão. Até a Igreja Católica, através da CNBB, já afirmou publicamente que essa reforma previdenciária é ruim e prejudicial”, concluiu.