O número de multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) teve queda no primeiro semestre deste ano. Foram 4,3 mil até junho, ante 10,2 mil no mesmo período do ano passado.
A quantidade de autos de infração aplicados é semelhante ao que foi registrado nos anos de pandemia, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, com cerca de 4,5 mil em 2020 e 2021. As informações são do portal UOL.
A queda é reflexo da falta de recursos e de pessoal que afeta o órgão. Servidores do Ibama decidiram, na última sexta-feira (5), acatar decisão judicial e suspender a greve iniciada nesta segunda-feira (8).
Representantes dos servidores afirmam que irão recorrer da decisão. O portal UOL afirmou que a decisão de encerramento da greve causou revolta. Havia expectativa de um tratamento melhor do que o recebido no governo Bolsonaro, quando foram constantemente perseguidos.
Alexandre Gontijo, da diretoria da Associação Nacional dos Servidores de Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema), entidade que representa os grevistas, afirma que, no governo Bolsonaro, os servidores respondiam aos ataques com ainda mais trabalho. Mas havia a expectativa de melhoria na carreira com a entrada de Lula, eleito com a bandeira de apoio à área ambiental.
Wallace Lopes, fiscal do Ibama que atua no órgão desde 2009, em Palmas, capital do Tocantins, disse que vive uma situação extenuante, com jornadas de trabalho longas, exaustivas e arriscadas. “Um dos grandes problemas que impedem hoje de a gente entregar um bom serviço de proteção ambiental para a sociedade é a falta de estrutura e pessoal. O Ibama inteiro conta com apenas 800 fiscais. Isso para proteger todos os nossos biomas, inclusive a Amazônia Legal, que sozinha tem o mesmo tamanho de toda a Europa Ocidental”, destacou.
A crise entre governo e a categoria acontece em um momento crítico, em meio a um aumento repentino de queimadas no Pantanal. O número de focos de incêndio em junho foi recorde, 16 vezes maior do que a média dos anos anteriores. E a tendência é aumentar nos próximos meses, conforme a série histórica.
Segundo especialistas, a maior parte desses casos é intencional, o que ensejará investigação e aplicação de multas. Neste ano, até junho, o Ibama realizou um menor número de autuações ambientais, 4,3 mil, menos da metade do que havia sido aplicado no primeiro semestre do ano passado (10,2 mil) e inferior até mesmo ao período da pandemia.
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, afirmou ao UOL que 5% da área total do Pantanal já foi queimada, com mais de 700 mil hectares. Ele disse que há mais de 500 pessoas do Ibama, ICMBio, Marinha e Polícia Federal na área, e que os brigadistas não podem entrar em greve. Ao menos 29 grandes incêndios já foram extintos.
Está na hora do governo ser coerente com o discurso de protetor do meio ambiente e dar condições mínimos de trabalho para os servidores ambientais federais que colocam suas vidas em risco para um futuro sustentável para o Brasil. Quem perde é toda sociedade!