Ao apresentar sua indicação, o diplomata declarou que “as boas relações entre Brasil e Síria são fruto não apenas de um entendimento histórico, mas também da postura brasileira durante a guerra civil, de reiterar a soberania e independência da nação árabe.”
Em sessão plenária, do dia 5, o Senado aprovou a indicação do diplomata Fabio Vaz Pitaluga para embaixador do Brasil na Síria por 55 votos a favor, três contra e uma abstenção. Pitaluga está, desde setembro, atuando como encarregado de negócios em Damasco.
Na terça-feira, Pitaluga foi sabatinado pela Comissão de Relações Exteriores (CRE) e teve sua indicação aprovada pela CRE que é presidida pelo senador Fernando Collor de Mello.
Pitaluga informou que “altas autoridades do governo sírio já comunicaram oficialmente que o Brasil e as empresas brasileiras terão prioridade na reconstrução da infraestrutura da Síria”.
A Síria foi infelicitada por uma invasão terrorista apoiada pelos Estados Unidos e Arábia Saudita numa tentativa de derrubar o governo do presidente Bashar Al Assad, por sua postura independente e contrária aos interesses dos EUA e de Israel de dominação do Oriente Médio.
Através da invasiva e mercenária tentativa de derrubada do governo, a Síria foi devastada, quase 6 milhões de sírios se refugiaram em países vizinhos e agora começam a retornar. Uma invasão que está próxima do fim com a vitória do povo sírio e de suas forças armadas.
“A Síria está no final dessa guerra trágica e nos próximos anos inicia-se um grande processo de reconstrução. E nesse processo é crucial que o Brasil saiba se posicionar. Altas autoridades do governo deixam claro para mim que o Brasil e suas empresas são percebidas como entre as prioritárias”, declarou o embaixador.
“Calcula-se”, prosseguiu, “que a reconstrução demandará US$ 400 bilhões. Vejo oportunidades na área de indústrias, agronegócio em geral e petróleo, por exemplo. O setor de petróleo sírio foi muito afetado, eles precisam de um grande apoio em máquinas, equipamentos e novas tecnologias. Nós temos muito a oferecer neste campo, assim como na parte de xisto”, detalhou Pitaluga.
O novo embaixador também avaliou que serão abertas oportunidades nas áreas de mineração, energia elétrica, saúde, construção civil, turismo, pecuária e indústria de laticínios.
Ele afirmou ainda que uma das prioridades da embaixada brasileira será reativar o Conselho Empresarial Brasil-Síria, que deixou de operar devido à guerra.
Ao apresentar sua indicação, o diplomata declarou que “as boas relações entre Brasil e Síria são fruto não apenas de um entendimento histórico, mas também da postura brasileira durante a guerra civil, de reiterar a soberania e independência da nação árabe.”
“Também pesa muito a grande comunidade síria que vive aqui, por isso o Brasil é percebido por parcela da população síria como seu segundo país”, sublinhou.
Quando o conflito recrudesceu, o governo brasileiro, então presidido por Dilma Roussef – ao contrário da maioria dos países, incluindo Rússia, China e Índia – retirou, em julho de 2012, o embaixador e o pessoal diplomático de Damasco e deixou na embaixada apenas alguns funcionários.
A indicação do embaixador sucede a uma visita ao Oriente Médio (além da Síria, Líbano e Irã) do presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado e de um pronunciamento do senador, ressaltando a importância da plena retomada das relações Brasil-Síria, em especial no momento da reconstrução da Síria.
O senador, em seu pronunciamento no Senado, ao voltar de Damasco, destacou que “o conflito na Síria, ao contrário da deturpada narrativa da grande mídia internacional, não é uma guerra civil, mas uma guerra por procuração, com apoio a terroristas financiados por forças estrangeiras que moveram contra aquele povo uma brutal guerra de agressão, destruição e morte”.
Referindo-se à persistência dos Estados Unidos em manter tropas na Síria, o senador insistiu que “o povo sírio está vencendo com sua resiliência, determinação e coragem, a agressão e o Brasil deve apoiar as resoluções da ONU, que preveem a resolução dos problemas nacionais entre os sírios, preservando a integridade e soberania do país. Nestes momentos finais da guerra, devemos rejeitar as forças estrangeiras que permanecem em território sírio de forma ilegal, numa clara afronta à Carta das Nações Unidas e devem deixar o país. A Síria pertence aos sírios e só a eles cabe determinar os caminhos que seguirão”.
“Deixamos claro que apoiamos todos os esforços multilaterais na solução política visando à paz, num processo conduzido pelos próprios sírios, facilitado pela ONU, sem interferências externas. Defendemos a soberania, integridade territorial e independência do país e apoiamos o Diálogo Nacional Sírio ocorrido em Sochi [Rússia]”, enfatizou.