O Senado Federal aprovou, em plenário, o nome do economista Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central (BC) por 66 votos favoráveis contra 5 contrários, nesta terça-feira (8).
Em sabatina, durante a manhã, que durou 2 horas e 25 minutos, com rasgos de elogios e aplausos por parte de senadores bolsonaristas e neoliberais, o nome de Gabriel Galípolo havia sido aprovado, por unanimidade, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, por 26 votos favoráveis.
Segundo o atual diretor de Política Monetária do Banco Central, Galípolo, a autonomia do BC não é uma forma de “insular” ou “virar as costas” ao poder democraticamente eleito. Ele afirmou ainda que o presidente Lula lhe garantiu “liberdade de decisões” e defendeu que a política monetária deve seguir restringindo os investimentos e o consumo de bens e serviços no país.
“Hoje nós temos uma meta de inflação estabelecida através do decreto de 3% e cabe ao Banco Central perseguir essa meta de maneira inequívoca, colocando a taxa de juros num patamar restritivo pelo tempo que for necessário para atingir essa meta”, disse Galípolo – deixando claro que o BC vai seguir alheio às demandas e necessidades do setor produtivo e da população brasileira, ou seja, vai manter os juros altos no Brasil.
Galípolo assumirá a presidência do BC em 2025. Apesar da inflação estar controlada no Brasil e com todas as previsões apontando que ela deve encerrar o ano de 2024 dentro da margem de tolerância da meta de inflação do governo (4,50%), ele defendeu que os juros devem ser aumentados no Brasil.
“A inflação de 2024 é uma informação muito relevante para a gente, mas o horizonte relevante que estamos olhando é um horizonte mais para frente”, defendeu o diretor de Política Monetária do BC.
“A gente deve assistir a um processo de desinflação mais lento e mais custoso”, de modo que o BC deve ser “mais conservador para garantir que a taxa de juros esteja em patamar necessário para atingir a meta que foi definida”, completou.
Desde que seu nome passou a figurar como postulante ao cargo de presidente do BC, Gabriel Galípolo atuou para assegurar ao mercado financeiro que não haveria mudanças na condução da política monetária no órgão que presidirá a partir do ano que vem.
Travestido sob a égide que atua pelo combate à inflação, o BC vem ao longo de décadas desestimulando os investimentos produtivos em prol de elevar os ganhos do setor financeiro (leia-se meia dúzia de bancos e fundos especulativos locais e estrangeiros). Em 12 meses até agosto deste ano, o gasto do setor público com os juros da dívida pública já somou R$ 855 bilhões.