A senadora informou que há no ministério órgãos que fazem monitoramento permanente. “A CPI deve requisitar esses relatórios”, disse ela
A senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) foi a última a inquirir o ex-ministro Eduardo Pazuello na sessão da quinta-feira (20) da CPI da pandemia, no entanto, apesar de ser a última, ela foi uma das que acertou mais em cheio em suas cobranças do ex-ministro.
Gabrilli esclareceu que não importa a data em que o ex-ministro diz que recebeu a informação de que havia o risco de faltar oxigênio em Manaus. Segundo a senadora, ele tinha como saber disso mesmo antes de ser avisado. “Há no ministério um órgão responsável por este monitoramento”, explicou a senadora.
Eduardo Pazuello tentou minimizar o desastre que ocorreu na capital do Amazonas dizendo na CPI que Manaus ficou apenas três dias sem oxigênio. E que ele providenciou tudo a tempo para socorre os amazonenses. Apesar da tentativa de enrolar os senadores, ele foi desmentido no ato pelo senador Eduardo Braga, que é do Estado do Amazonas. Braga disse que Pazuello não estava dizendo a verdade e informou na sessão que foram 20 dias de falta de oxigênio, o que causou, segundo o parlamentar, centenas de mortes.
Mesmo que o ex-ministro estivesse dizendo a verdade sobre as datas, o Ministério da Saúde é responsável por monitorar o fluxo de oxigênio em todo o Brasil e tem como saber com antecedência. Ele faz isso em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O ex-ministro da Saúde disse que não soube do problema no fornecimento de oxigênio à capital do Amazonas no dia 8 de janeiro, diferentemente do que a Advocacia-Geral da União (AGU) havia informado ao STF. Para Gabrilli, não importa se foi no dia 8 ou no dia 10. “Ele tinha obrigação de saber antes”, disse ela.
Mara Gabrilli (PSDB-SP) pediu para a CPI requerer ao Ministério da Saúde documentos relativos ao monitoramento do estoque de oxigênio no Estado do Amazonas. A senadora, diante da enrolação de Pazuello, disse não se importar com as respostas do depoente, cobrou que o ministro tinha acesso aos instrumentos que o próprio Ministério possui para fazer esse monitoramento. Como a senadora não faz parte da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que é vice-presidente da CPI, acolheu os seus pedidos em seu nome.
A representante do PSDB também acusou o ex-ministro de ter ajudado a espalhar o vírus por todo o país ao desconhecer os protocolos de cuidados sanitários para transferir pacientes de Manaus para outros estados. A parlamentar cobrou de Pazuello, que demonstrou desconhecer a existência desses protocolos.
Aliás, o senador Otto Alencar (PSD-BA) demonstrou também que Pazuello não tinha a menor condição de assumir o Ministério da Saúde por total desconhecimento de princípios básicos de Saúde Pública. “Ele não conhece nada, nem sobre a doença que acomete o Brasil”, disse o senador baiano.
Ao final, a senadora Mara Gabrilli fez mais alguns questionamentos a Pazuello mas, indignada com a postura do ex-ministro da Saúde durante o depoimento à CPI, não quis ouvir suas respostas e perguntou ao senador Randolfe Rodrigues (Rede), que presidia a sessão, se poderia utilizar os minutos da resposta de Pazuello para trazer novos questionamentos. “Porque na verdade, eu não estou interessada na resposta dele”, afirmou a senadora.