
Governo condena ataques e ofensas de senadores a Marina Silva. “Não posso aceitar ser agredida e não posso me calar quando atribuem a mim responsabilidades que não são minhas”, disse Marina
A ministra das Relações Institucionais, deputada federal licenciada Gleisi Hoffmann, divulgou nota em que manifestou “total solidariedade do governo do presidente Lula (PT)” à ministra do Meio Ambiente atacada durante audiência pública no Senado.
“Inadmissível o comportamento do presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, [senador] Marcos Rogério [PL-RO], e do senador Plínio Valério [PSDB-AM], na audiência de hoje [terça-feira (27)] com a ministra @marinasilvaoficial”, escreveu Gleisi.
“Totalmente ofensivos e desrespeitosos com a ministra, a mulher e a cidadã. Manifestamos repúdio aos agressores e total solidariedade do governo do presidente Lula à ministra Marina Silva”, completou. Estas informações são da Agência Gov.

Plínio Valério é o mesmo senador que disse em março que queria enforcar a ministra, quando ela esteve na CPI das ONGs. “Imagine o que é tolerar a Marina seis horas e dez minutos sem enforcá-la”, falou o senador tucano.
ATAQUES DOS BOLSONARISTAS
A ministra do MMA (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Marina Silva, deixou a audiência na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado após ser atacada pelos senadores Marcos Rogério e Plínio Valério.
“O que eles esperavam da minha parte era uma atitude de resignação, de concordância, de deixar desqualificarem a agenda ambiental”, afirmou Marina em entrevista à CNN. “Me senti agredida, mas não intimidada”, acrescentou.
Marina Silva estava na comissão como convidada para tratar da criação de 4 unidades de conservação marítimas no Amapá. Durante mais de 3 horas de audiência, houve calorosos debates sobre temas como a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, o PL (Projeto de Lei) do Licenciamento Ambiental e a extensão da BR-319.
A ministra afirmou categoricamente que a criação de unidades de conservação da marinha na Margem Equatorial, no Amapá, não impede a pesquisa e exploração de petróleo na região.
POLÍTICA AMBIENTAL DO GOVERNO
A chefe da pasta do Meio Ambiente defendeu a política ambiental do governo federal e assinalou que a redução do desmatamento na Amazônia e demais biomas brasileiros tem relação direta com a conquista de mais de 300 novos mercados no mundo para o agronegócio brasileiro.
Marina foi agredida por alguns senadores por se posicionar contrariamente ao projeto de lei que flexibiliza o licenciamento ambiental, aprovado na semana passada. E ressaltou ser defensora da criação de novo fundo de florestas tropicais para remunerar os proprietários que preservam áreas florestais.
Todavia, a temperatura da discussão aumentou e a ministra se retirou da comissão. Em determinado momento, o famigerado senador bolsonarista Marcos Rogério se dirigiu à ministra de forma estúpida: “ponha-se no seu lugar”. Minutos depois, o senador Plínio Valério grosseiramente disse que como ministra ela não “merecia respeito”. Marina exigiu pedido de desculpas e se retirou após negativa do parlamentar.
AO VIVO
“Após mais agressão do senador Plínio Valério, lhe dei a opção de pedir desculpas, mas ele se negou”, escreveu a ministra nas redes dela.
E acrescentou: “Por isso me retirei da sessão. Não posso aceitar ser agredida e não posso me calar quando atribuem a mim responsabilidades que não são minhas. A audiência pública foi transmitida ao vivo e tudo o que ocorreu lá pode ser conferido na íntegra pelo canal do Youtube da TV Senado: youtube.com/tvsenado”, postou a ministra.
MAIS SOLIDARIEDADE
A ministra da MGI (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), Esther Dweck, também postou nas redes dela:
“Em nota, o Ministério das Mulheres se posicionou em repúdio ao ocorrido.” “Um completo absurdo o que aconteceu nesta manhã com a ministra Marina Silva na Comissão de Infraestrutura do Senado. Ela foi desrespeitada e agredida como mulher e como ministra por diversos parlamentares — em março, um deles já havia inclusive incitado a violência contra ela” —, pontuou a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, em nota.
“É um episódio muito grave e lamentável, além de misógino. Toda a minha solidariedade e apoio a Marina Silva, liderança política respeitada e uma referência em todo o mundo na pauta do meio ambiente. É preciso que haja retratação do que foi dito naquele espaço e que haja responsabilização para que isso não se repita”, completou a ministra.
‘DEDICADO TRABALHO’
A primeira-dama Janja Lula Silva reforçou que Marina “implantou políticas que contribuíram significativamente para o combate ao desmatamento em nosso País, e seu dedicado trabalho torna o Brasil cada vez mais referência nas ações de combate às mudanças climáticas”.
“Sua bravura nos inspira e sua trajetória nos orgulha imensamente. Uma mulher reconhecida mundialmente por sua atuação com relação à preservação ambiental jamais se curvará a um bando de misóginos que não têm a decência de encarar uma ministra da sua grandeza”, acrescentou.
‘COMO SE FOSSE COMIGO’
A ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, também se manifestou:
“Como mulher negra, como ministra, como companheira de Esplanada, sinto profundamente cada gesto de desrespeito como se fosse comigo. Porque é com todas nós”, escreveu Anielle.
E completou: “A violência política de gênero e raça tenta nos calar todos os dias, mas seguimos em pé, de mãos dadas, reafirmando que não seremos interrompidas. Toda minha solidariedade, Marina. Seguimos juntas”.
‘LIDERANÇA RECONHECIDA MUNDIALMENTE’
“A ministra Marina Silva tem uma vida dedicada à defesa do meio ambiente e à justiça social”, escreveu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“É uma liderança reconhecida mundialmente por sua trajetória de luta pelo bem-estar do planeta e do povo brasileiro. Todo meu respeito e solidariedade à Marina Silva”, enfatizou.
“Minha solidariedade à ministra @MarinaSilva e a todas as mulheres que seguem abrindo caminhos na política brasileira”, escreveu no X o ministro-chefe da AGU (Advocacia-Geral da União).
“O debate democrático exige respeito, independentemente de divergências políticas ou ideológicas. Não podemos tolerar atitudes que busquem constranger, intimidar ou deslegitimar mulheres em espaços de poder”, pontuou.