A pressão pela abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia aumentou depois das falas de Jair Bolsonaro contra o uso de máscara e as medidas de prevenção contra a Covid-19.
Diversos senadores e líderes partidários deram declarações exigindo a abertura da CPI.
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), ex-governador do Ceará, disse que “só há essa maneira de se dar um freio a essa irresponsabilidade: o governo saber que existe um contrapeso. O Senado tem essa responsabilidade histórica”.
“Não quero prender ninguém, não quero criminalizar ninguém, o que eu quero é que o Senado assuma o seu fator como contrapeso para fazer com que as ações do governo central, já que não são efetivas, pelo menos não sejam negativas”, disse.
Durante a semana, Jair Bolsonaro chamou de “mimimi” o lamento dos que perderam familiares para a pandemia e criticou o distanciamento social. “Onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, disse.
“Tem idiota que diz ‘vai comprar vacina’. Só se for na casa da tua mãe”, disse o presidente da República.
O líder do PSDB, Izalci Lucas (DF), disse que o partido “é favorável” à abertura da CPI. “Não é ‘oba-oba’, é buscar um caminho para vacina, auxílio emergencial, combate à pandemia. Buscar um rumo”, disse.
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que apresentou o pedido de abertura de CPI à presidência do Senado, disse que ainda acredita que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), vai abri-la.
Segundo ele, a instalação da Comissão não é “para perseguir quem quer que seja na CPI”. “Não é para querer colocar na prisão quem quer que seja, não é para criar qualquer tipo de fato político, mas uma comissão com a mediação necessária para impedir que negacionismos triunfem”, declarou.
O senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) disse que “é hora de parar esse cara. Esse cara se chama Jair Bolsonaro. Chega, cara! Você está brincando com a gente”.
Alvaro Dias (Podemos-PR) informou que o partido também está apoiando a abertura da CPI.
“Nós não podemos ficar passivamente assistindo a esse triste espetáculo de vidas que perdemos todos os dias, e a cada dia mais, diante da irresponsabilidade de alguns, do negacionismo de outros, da politização de tantos, diante especialmente dessa radicalização que se pretende, jogando uns contra os outros, jogando governadores contra a população”, afirmou.
Os senadores do PT, Paulo Rocha (PA), líder do partido, Paulo Paim (PT-RS) e Humberto Costa (PT-PE) também deram declarações favoráveis à CPI.
De acordo com Paulo Rocha, “o objetivo não é ser uma CPI genérica, mas direcionada à questão da saúde. O que Bolsonaro está fazendo alavanca a nossa força para instalá-la. O que ele fez no Ceará, na semana passada, por exemplo, só justifica a instalação”.
No fim de fevereiro, Bolsonaro visitou o Ceará, criticou as medidas de prevenção e promoveu aglomerações.
Para Paulo Paim, “o Senado tem que mostrar ao povo que está aí e quer fiscalizar, quer ver o que está acontecendo. Uma CPI, para mim, não é contra, ou então não é Comissão Parlamentar de Inquérito. A CPI vai ver o que está acontecendo, e para ajudar o povo brasileiro”.
Humberto Costa afirmou que “é papel e função do Poder Legislativo a fiscalização das ações do Poder Executivo, de outros entes e de outras instituições em nosso país e, certamente, serve também como instrumento de pressão para que aqueles que estão se omitindo das suas responsabilidades possam cumprir o seu papel”.
Organizações da sociedade civil lançaram um site pedindo para pressionar pela abertura da CPI.
Os movimentos Acredito, Agora!, Extremos Não, Vem Pra Rua, Ocupa Política, Livres e Política Viva fizeram um site com o e-mail e redes sociais dos senadores para que a população possa pressioná-los pela instalação.