“Isso é muito grave”, declara ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha
Durante os três primeiros anos do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) operou sistema secreto de monitoramento da localização de cidadãos em todo o território nacional. A informação foi divulgada em reportagem do jornal O Globo, nesta terça-feira (14).
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse, nesta terça-feira, que considera grave a informação, publicada pelo jornal. Padilha afirmou, então, que os responsáveis serão “fortemente punidos”.
“Isso é muito grave. A matéria que saiu sobre isso é muito grave. É mais uma questão a ser apurada das profundas irregularidades cometidas, não só por Bolsonaro, como por agentes do governo anterior”, acrescentou o ministro.
DEMOCRACIA E ESTADO DE DIREITO EM XEQUE
Por isso, e tantas outras razões, a democracia e o Estado de Direito estiveram em xeque na gestão do capitão reformado do Exército. E, assim, não é exagero pensar, dizer e escrever que a derrota de Bolsonaro foi o início do resgate da democracia brasileira.
Ainda segundo a reportagem, a ferramenta, chamada ‘FirstMile’, permitia, sem qualquer protocolo oficial, monitorar os passos de até 10 mil proprietários de celulares a cada 12 meses.
O monitoramento era possível em aparelhos que usam as redes 2G, 3G e 4G. Para localizar um indivíduo, bastava digitar o número do contato telefônico dele no programa e acompanhar em mapa a última localização.
DESENVOLVIDO POR EMPRESA ISRAELENSE
Desenvolvido pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint), o ‘FirstMile’ se baseia em torres de telecomunicações instaladas em diferentes regiões para captar os dados de cada aparelho telefônico e, então, devolver o histórico de descolamento do dono do celular.
De acordo com a reportagem, era possível ainda criar alertas em tempo real para determinado tipo de movimentação.
O Globo cita, ainda, relatos de funcionários segundo os quais a prática suscitou questionamentos internos na Abin, uma vez que a agência estaria usando dados privados que não possui autorização legal para acessar.
Ainda de acordo com a reportagem, o caso motivou a abertura de investigação interna. Procurada pelo O Globo, a Abin informou que o sigilo contratual a impede de comentar o caso.
EDUARDO BOLSONARO EM ISRAEL
Durante a pandemia de covid-19, o filho “03” de Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) esteve, pelo menos duas vezes em Israel. Numa dessas vezes ele disse que teria ido ao país para conhecer spray nasal, que poderia ser eficaz para combater o vírus.
A estranheza disso é que ninguém do governo chefiado pelo pai do deputado nunca se interessou em resolver, efetivamente, o problema da pandemia, que era comprar imunizantes. Por que essa preocupação do deputado?
Na ocasião, Eduardo Bolsonaro afirmou que houve relação de respeito entre a comitiva brasileira e o governo de Israel. Segundo o deputado, a viagem “correspondeu às expectativas”.
“Este tipo de entendimento não floresce da mesma maneira num ambiente virtual. O ‘olho no olho’, o fato da comitiva se fazer presente, além de respeito, demonstrou ainda o quanto prioritária é esta parceria e eles corresponderam as nossas expectativas”, publicou o deputado, na ocasião, nas redes sociais.
M. V.