O ex-secretário de Saúde do governo Sérgio Cabral (PMDB), Sérgio Côrtes, voltou a ser preso, na manhã desta sexta-feira (31), pela Polícia Federal em mais uma etapa da Lava-Jato, batizada de Operação S.O.S Rio de Janeiro
O Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal investigam fraudes ocorridas na Secretaria de Saúde do Estado do Rio e têm como alvo a contratação da Organização Social Pró-Saúde, que administrou hospitais do Estado, como o Getúlio Vargas, Albert Schuartz, Adão Pereira Nunes e Alberto Torres.
Foi decretada também a prisão preventiva dos empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita e outras 18 pessoas. Iskin tinha influência sobre o orçamento e a liberação de recursos pela Secretaria de Saúde, além das contratações pela OS, indicando empresas e fornecendo toda a documentação necessária, como cotações de preços e propostas fraudadas, para instruir o procedimento de contratação. Segundo a Procuradoria da República, ele cobrava 10% sobre o valor dos contratos dos fornecedores da OS, e fazia a distribuição entre os demais membros do esquema, como Sérgio Cortês e Gustavo Estellita.
A Pró-Saúde é uma organização com sede em São Paulo e os contratos com o Rio de Janeiro representaram um faturamento de R$ 750 milhões em 2013 e saltaram para R$ 1,5 bilhão em 2015.
As investigações também demonstram que Sergio Côrtes também tinha envolvimento no esquema em que três ex-gestores da OS Pró-Saúde, Ricardo Brasil, Manoel Brasil e Paulo Câmara, firmaram contratos da entidade com a empresa Aditus Consultoria, do qual eram sócios, obtendo vantagens indevidas no valor de R$ 30 milhões entre os anos de 2012 e 2014.
Os investigadores estimam que os contratos fraudados permitiram o desvio de cerca de R$ 74 milhões dos cofres públicos.
“Essa nova fase das investigações comprova que os empresários controlavam a destinação dada aos recursos públicos repassados às organizações sociais que administravam hospitais estaduais, desviando tais verbas em benefício próprio e de terceiros, contando com a atuação de gestores da organização social e de diversos funcionários públicos da Secretaria de Saúde para que a empreitada criminosa fosse concretizada”, afirmam os procuradores da República membros da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro.
Côrtes foi preso em seu apartamento na Lagoa, Zona Sul do Rio, ele estava solto desde fevereiro por ordem do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.
Iskin já foi preso outras duas vezes, mas foi solto no início deste mês, também por decisão do ministro Gilmar Mendes.