(HP 18/05/2011)
Não há nenhuma lei que proíba um deputado de ganhar dinheiro fora da atividade parlamentar. Isso é fácil de aceitar. O difícil é entender por que um dirigente do Partido dos Trabalhadores acha necessário comprar um apartamento de R$ 6,6 milhões. Talvez seja, justamente, para a Folha questionar a origem do dinheiro e Serra exercitar a credibilidade que a todos encanta assumindo a sua defesa.
O ex-governador José Serra (PSDB) se solidarizou com o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, acusado de aumento patrimonial superior a seus rendimentos, e considerou “normal” que uma pessoa tenha rendimentos que promovam tal variação patrimonial. “Ele vai dar as explicações. Eu não tenho nenhum papel de investigador ou julgador a esse respeito. Prefiro as explicações dele sem fazer um julgamento”, disse o tucano.
“De forma alguma ia crucificar uma pessoa por causa de evolução patrimonial”, disse Serra, após se encontrar com o presidente nacional do PT, Ruy Falcão, na Assembleia Legislativa de São Paulo, para discutir a reforma política.
O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, multiplicou por 20 seu patrimônio nos quatro anos em que esteve na Câmara dos Deputados, entre 2006 e 2010. Segundo matéria de capa publicada pela “Folha de S. Paulo”, domingo (15), o patrimônio do ministro passou de R$ 375 mil para cerca de R$ 7,5 milhões, período em que recebeu em salários R$ 974 mil brutos como deputado federal.
De acordo com a reportagem, Palocci comprou um apartamento de luxo de R$ 6,6 milhões em 2010; um ano antes, um escritório de R$ 882 mil. Os imóveis, ambos na região da avenida Paulista, área nobre de São Paulo, foram adquiridos por meio da empresa Projeto, aberta em 2006 com sua mulher, Margareth, da qual o ministro é o principal sócio, com 99,9% do capital.
Quando se elegeu deputado federal, em 2006, ele declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 375 mil, em valores corrigidos pela inflação. Naquele ano, declarou que tinha uma casa de R$ 56 mil em Ribeirão Preto, além de um terreno e três carros, entre outros bens. Palocci deixou o Ministério da Fazenda, em março, depois do escândalo da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, que trabalhou numa casa que Palocci frequentava com amigos e lobistas em Brasília.
Em nota, o ministro alegou que o crescimento do seu patrimônio é fruto da atividade de “prestação de serviços de consultoria econômico-financeira” da empresa Projeto a clientes do setor privado. “O patrimônio auferido pela empresa foi fruto desta atividade e compatível com as receitas realizadas nos anos de exercício”, disse.