Os servidores de Florianópolis aprovaram em assembleia na tarde desta terça-feira, 8, manter a greve da categoria pelo cumprimento dos acordos de reajustes salariais e contra as medidas privatistas da prefeitura. “A paralisação continua até que o prefeito Gean Loureiro (PMDB) demonstre interesse real em negociar com os trabalhadores”, defenderam os trabalhadores.
Depois de privatizar serviços públicos, deixando creches e unidades de saúde nas mãos de Organizações Sociais (OS), ordenar que a PM reprimisse manifestantes e ameaçar mais de mil trabalhadores de serem demitidos, o prefeito foi para a televisão e redes sociais chantagear os servidores municipais na tentativa de acabar com a forte greve da categoria.
A propaganda da prefeitura convoca os servidores a deixarem a greve e as pautas de lado para garantirem a integridade de seu salário. A chantagem é evidente. “Diante do insucesso nas negociações com o sindicato, a prefeitura quer negociar o fim da greve diretamente com você, servidor. Que é quem tem sido afetado com o desconto no salário por conta de uma greve ilegal”. Na chantagem, o prefeito prometeu que faria os pagamentos integralmente aos que comparecessem na segunda-feira (07), mas descontaria cinco dias, distribuídos em cinco meses. Além disso, disse que irá fazer a reposição relativa à inflação e um aumento de 5% no vale refeição.
No vídeo, a prefeitura parece ter se esquecido do calote que deu nos servidores. Alegando não ter dinheiro, a prefeitura deixou de fazer o reajuste real de 1%, ou seja, acima da inflação, em 2017 e em 2018, que havia sido acordado anteriormente. Além disso, a proposta de reajuste no vale refeição era de apenas R$ 1,00, para servidores de oito ou seis horas diárias.
Toda essa propaganda parece ser mais uma jogada desesperada do intransigente e privatista Gean Loureiro (PMDB). Há menos de duas semanas, o prefeito ameaçou demitir mais de mil trabalhadores que foram contratados com contrato temporário, o que, claramente, é uma agressão ao direito de greve, que é garantido pela Constituição.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal (Sintrasem), Renê Munaro, fez um vídeo em resposta às chantagens. “Nossa greve não é ilegal. Quem é ilegal é o prefeito, que fez um acordo coletivo ano passado e não cumpriu. Não cumpriu não só a parte econômica, mas também cláusulas que não tinham um centavo, como comissões para discutir auxiliar de sala, agente de saúde e saúde do trabalhador”, afirma Renê.
Desde 2017, o Sintrasem vem denunciando que o prefeito se escora na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para não cumprir seus acordos. “O governo que diz não ter dinheiro para pagar a reposição da inflação ou para pagar o que foi acordado na data base de 2017 e que precisava de OS para o serviço público, mas tem dinheiro para fazer propaganda chantageando os trabalhadores”, disse o dirigente sindical. Renê completa dizendo que mesmo na chantagem, os trabalhadores que aderiram à greve seriam penalizados com o desconto de cinco dias no salário.
O Sindicato vai se movimentar para garantir a coesão dos trabalhadores em torno da greve. “Começamos essa greve juntos, e vamos acabar juntos. O que Gean quer é acabar com a nossa unidade”.
A categoria iniciou a greve no dia 11 de abril tendo como reivindicação principal a retirada do chamado “Projeto das OS’s”, que entrega o serviço público de creche e saúde à gestão privada de Organizações Sociais (OS). O projeto foi tramitado e votado sob caráter de “urgência urgentíssima” na Câmara de Vereadores no dia 21 de abril, durante protesto com mais de seis mil servidores. A PM e a Guarda Municipal (GMF) reprimiram a manifestação usando bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e seus cassetetes para que os vereadores pudessem aprovar a privatização sem se confrontar com a opinião pública. O prefeito sancionou o projeto no dia 26.