
Entidades sindicais e organizações do movimento social de Minas Gerais preparam uma greve geral, na próxima terça-feira (7), contra o governador Romeu Zema.
O protesto se dá depois que Zema aumentou o seu próprio salário e do seu secretariado em 300%, enquanto promove um governo de destruição dos serviços públicos, privatizações e arrocho salarial sobre o funcionalismo, medidas que impactam diretamente a vida da população.
As entidades denunciam, em especial, duas medidas do governador que estão em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Uma, que congela o salário dos servidores públicos pelos próximos 9 anos, permitindo apenas duas recomposições de 3%, e ainda retira direitos do funcionalismo, contidas no Plano de Recuperação Fiscal; e a outra é uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para facilitar a privatização de empresas públicas mineiras.
A Emenda retira a obrigatoriedade de realização de um referendo popular para privatizar as estatais, abrindo caminho para a entrega à iniciativa privada da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig).
O governador argumenta que as medidas são necessárias para equacionar as contas públicas, ao mesmo tempo em que elevou o seu próprio salário para R$ 37,5 mil em abril e o fará chegar a R$ 41,3 mil em 2025.
A Confederação das Carreiras Típicas de Estado (Concate) questionou na Justiça o reajuste de quase 300%, e agora o governador está instado a prestar esclarecimentos ao Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a entidade, o reajuste “não levou em consideração nenhum estudo de impacto financeiro e, portanto, fere princípios da transparência e moralidade”.
O presidente da Central Única dos Trabalhadores em Minas Gerais (CUT Minas), Jairo Nogueira, reforça a importância da mobilização e da greve no dia 7. “Nós vamos ter uma greve geral aqui em Minas Gerais, do funcionalismo e do setor privado, contra esse governo Zema e a sua política. Ele é um Robin Hood às avessas, pois está tirando dinheiro nosso, dos pobres, para passar para os ricos”, afirma.
Para o deputado estadual Betão (PT), o estado vive uma verdadeira contradição. Segundo ele, é o “jeito Zema de governar”.
“É dessa maneira que estamos vivendo. Então, você pega essa contradição. Um reajuste de 300% para o governador e nove anos de salário congelado, com apenas duas recomposições. É destruição do serviço público em Minas Gerais”, afirma o deputado. “É o jeito de Zema de governar. Ele dá isenções milionárias para as locadoras de veículos, para mineradoras e para grandes empresários. Ao mesmo tempo, congela os salários, não paga o piso salarial nacional do magistério e ainda judicializa a possibilidade do pagamento do piso sobre a carreira. A discussão também sobre o piso da enfermagem está uma verdadeira confusão. Enquanto isso, para ele e para o secretariado dele, aprova um projeto que reajusta o salário em praticamente 300%”.
De acordo com a cientista social e integrante do Comitê Fora Zema, Luciléia Miranda, “a valorização salarial [do funcionalismo] é um dos aspectos importantes para que o serviço público seja prestado com qualidade. Isso quer dizer um impacto direto na qualidade da educação, da saúde, da segurança pública e de todos os outros serviços. É essa perspectiva de menos Estado na vida do povo, ao mesmo tempo que o Estado serve para enriquecer a ele e ao seu próprio clube de amigos”, afirma.